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ELEIÇÕES 2004
Projeto aprovado pelos deputados pode prejudicar Câmaras Municipais
Emenda de vereadores possui erro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A aprovação na noite de quarta-feira passada pela Câmara dos
Deputados da emenda que tenta
suavizar o corte definido pela Justiça no número de vereadores
continha um erro que pode prejudicar Câmaras Municipais de 20
cidades brasileiras que têm entre
250 mil e 300 mil habitantes: essas
cidades teriam o limite de repasse
financeiro cortado em 21% em
vez dos 10% de todos os outros
5.545 municípios.
A falha passou despercebida
por praticamente todos os deputados que participaram dos acertos para que a emenda fosse aprovada em primeiro turno pela Câmara. O objetivo da proposta é reduzir o corte das vagas nas Câmaras definido em abril pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Na ocasião, a Justiça Eleitoral
definiu que nas próximas eleições
o número de vereadores no país
cairá 14,1%, dos atuais 60.276 para
51.748. A Câmara se apressou em
elaborar uma proposta que reduz
o tamanho das Câmaras em apenas 8,4%, ou 5.062 vagas.
A falha no texto aprovado foi
apontada pelo deputado Ivan
Ranzolin (PP-SC) e consiste no
seguinte: hoje, a Constituição define que as prefeituras de cidades
entre 100 mil e 300 mil habitantes
só podem repassar às Câmaras
7% do total de sua receita tributária somada às transferências.
O projeto da Câmara estabelece
que as cidades entre 100 mil e 250
mil terão o limite de repasse reduzido de 7% para 6,5%, ou seja,
corte de 10%. As cidades entre 250
mil e 500 mil habitantes teriam o
limite reduzido para 5,5%.
Isso leva à situação de que as cidades entre 250 mil e 300 mil habitantes -20, de acordo com a
estimativa do IBGE de 2003- teriam reduzido o limite de 7% para
5,5%, ou seja, um corte de 21%.
Entre essas cidades, está a capital
do Acre, Rio Branco.
"Realmente, fomos alertados de
que houve municípios que acabaram sendo prejudicados. Vamos
conversar para ver se há capacidade para adaptação", afirmou o deputado Jefferson Campos
(PMDB-SP), relator do projeto.
O problema é que, por se tratar
de emenda à Constituição, a proposta tem de ser votada, sem alteração, em dois turnos na Câmara.
A Secretaria Geral da Casa afirmou que não há possibilidade de
o texto aprovado ser alterado na
votação de segundo turno, sob
pena de ser derrubado na Justiça.
As lideranças partidárias e o
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), se reúnem na
próxima semana para tentar
achar uma solução. Os parlamentares correm contra o tempo já
que a Justiça Eleitoral afirmou
que só aceita a emenda caso ela
seja aprovada pelo Congresso a
tempo de não interferir no processo eleitoral.
O presidente do TSE, Sepúlveda
Pertence, afirmou que o próximo
dia 10 seria a data ideal. Além da
votação em segundo turno, a
emenda tem de passar também
por duas votações no Senado.
Das cidades que teriam maior
redução nos repasses entre prefeitura e Câmara, quatro são paulistas: Guarujá, Limeira, Suzano e
Taubaté. As outras são Rio Branco (AC), Santarém, Caucaia (CE),
Caruaru (PE), Paulista (PE), Vitória da Conquista (BA), Governador Valadares (MG), Ribeirão das
Neves (MG), Uberaba (MG), Petrópolis (RJ), Cascavel (PR), Foz
do Iguaçu (PR), Ponta Grossa
(PR), Blumenau (SC), Santa Maria (RS) e Anápolis (GO).
(RANIER BRAGON)
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