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ELEIÇÕES 2004
Caso do "NYT", porém, não deve atrapalhar o PT no pleito municipal, afirma publicitário
Imagem oficial foi afetada, diz Duda
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O publicitário Duda Mendonça,
que trabalhou na campanha presidencial de Lula e é um dos responsáveis pelo marketing oficial,
afirmou ontem que o caso Larry
Rohter "arranhou" a imagem do
governo federal, mas que não terá
reflexo nas eleições municipais.
O marqueteiro frisou, no entanto, que ainda não possui pesquisas qualitativas que possam comprovar tal constatação.
"O fato é que isso já passou. Mas
arranha. Não é coisa relevante, o
governo tem de trabalhar. Tem
muita coisa para acontecer, e o
julgamento vai ser lá na frente",
disse Duda ao chegar ontem à
Conferência Nacional de Estratégia Eleitoral do PT, realizada desde quinta num hotel de São Paulo.
Minutos depois, questionado
novamente pelos jornalistas sobre
os eventuais prejuízos ao Planalto
causados pela cassação do visto
do jornalista do "New York Times", Duda recuou em sua declaração. "Não disse isso. Não fiz
pesquisa para saber", afirmou.
Anteontem, o governo voltou
atrás da decisão de cancelar o visto de Larry Rohter, após seus advogados terem encaminhado um
pedido de reconsideração ao governo, que foi interpretado pelo
Planalto como uma retratação. O
"NYT" negou, no entanto, que tenha se desculpado pela matéria na
qual Rohter descreve suposto hábito de beber de Lula.
Para José Genoino, presidente
nacional do PT, a declaração oficial do norte-americano foi, sim,
um pedido de desculpas.
"O que tínhamos dito era que
valia um pedido de desculpas do
jornal ou do jornalista. Isso [a carta do jornalista] para nós valeu.
Ninguém pode assumir uma
ofensa dizendo que determinado
ato do presidente da República
afeta questões presidenciais."
O ministro da Educação, Tarso
Genro, também vê a carta de Rohter como um pedido de desculpas.
"É uma clara retratação."
"Isso demonstra mais uma vez a
posição ambígua desse tipo de
imprensa, que determina que o
seu correspondente peça desculpas e depois se abriga na sua editoria dizendo que não houve pedido de retratação", afirmou o
ministro. "Foi um pedido de desculpas claro", completou Tarso.
Da Espanha, onde participa do
Fórum das Culturas Barcelona, o
ministro da Cultura, Gilberto Gil,
declarou: "Não quero falar sobre
isso. Todo mundo bebe. Quem
não bebe? Eu bebo. Quem não bebe uísque bebe leite. E ambos podem fazer bem ou mal."
Campanha disputada
Na avaliação de Duda Mendonça, a campanha eleitoral deste ano
será "muito dura e disputada". E,
se a oposição tentar nacionalizar
o debate, "vai falar sozinha".
"É natural que a oposição tente
isso, mas é uma faca de dois legumes [sic]. Se puxarem para o terceiro turno, podem perder de novo", disse Duda, que não quis comentar a pré-candidatura de José
Serra (PSDB) à Prefeitura de São
Paulo. "Ataques não ganham eleição", disse o publicitário, que
classificou a prefeita Marta Suplicy, pré-candidata à reeleição
em São Paulo, de "maravilhosa".
"Num país machista como o
nosso, uma mulher para ser prefeita de São Paulo tem de brigar. E
isso ela faz", disse o publicitário.
Genoino disse que os adversários, especificamente Serra, estão
"muito sectários". "Eles batem, e
a gente faz campanha", declarou.
Declarou também que cabe aos
dirigentes municipais do PT discutirem uma aliança com o
PMDB em São Paulo e defendeu a
coligação com a legenda em várias cidades do país. Em entrevista à revista "IstoÉ" desta semana,
Lula disse ser a favor de que Marta
se alie aos peemedebistas. Ela, entretanto, resiste em ceder a vice.
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