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PTC mantém praticamente mesmos integrantes do PRN, que entrou em crise depois do impeachment
Garotinho receberá apoio do partido que elegeu Collor em 89
FÁBIO ZANINI
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, será
apoiado na eleição de outubro pelo antigo partido do ex-presidente
Fernando Collor de Mello.
Garotinho fechou uma coligação com o Partido Trabalhista
Cristão (PTC), novo nome do
PRN (Partido da Reconstrução
Nacional), pelo qual Collor foi
eleito em 1989 e governou até seu
impeachment, em 1992.
Afastado pelo Congresso Nacional depois de um processo de impeachment, Collor hoje está no
PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro) e deve ser candidato a senador ou a governador
de Alagoas.
O presidente do ex-PRN, atual
PTC, é o advogado Daniel Tourinho, que dirigiu a sigla durante
todo o governo Collor e era um
dos mais próximos colaboradores
do então presidente, integrando
sua "tropa de choque" durante o
impeachment. A mudança de nome ocorreu em abril do ano passado e deveu-se, segundo Tourinho, a uma questão de imagem.
"Temos uma ideologia que mistura o trabalhismo com ideais
cristãos e decidimos, após uma
extensa reflexão, trocar a sigla e
revitalizar a legenda", declarou.
Os quadros do partido, no entanto, mantêm-se praticamente
os mesmos. Depois do seu auge
no governo Collor, o PRN foi
minguando até virtualmente desaparecer. Em 98, não elegeu nenhum deputado federal.
Nacionalismo
O apoio do PTC a Garotinho foi
anunciado pelo próprio presidenciável na convenção que oficializou seu nome, realizada no Rio no
último fim de semana. O ex-PRN
deve oficializar o apoio ao socialista até o final do mês, mas sua
decisão política já está tomada.
"Garotinho é o único candidato
verdadeiramente nacionalista e
que representa o povo brasileiro",
diz Tourinho, que afirma conhecer o presidenciável desde os anos
80, quando ele se elegeu pela primeira vez prefeito de Campos
(norte do Rio de Janeiro). "Sempre fui seu admirador."
Segundo Tourinho, Collor e Garotinho têm "estilos opostos",
mas despertam nele "o mesmo
entusiasmo". "Cada um a seu jeito, representam projetos em que
acreditei", afirma. Recusando-se
a fazer uma avaliação da gestão
Collor -"Não olho para trás"-,
Tourinho afirma que ainda mantém relações pessoais com o
"amigo Fernando".
O PTC e o Partido Socialista
Trabalhista (PST) são os únicos
até agora a anunciarem coligação
com o PSB de Garotinho.
Para um dos coordenadores da
campanha de Garotinho, o deputado Alexandre Cardoso (RJ), o
fato de a "alma" do PRN estar no
PTC não é importante. "Ninguém
joga apoio fora."
Cardoso diz que o PTC tem registro no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) e representação nos Estados. "É o que nos interessa,
além do caráter de quem participa
do partido", afirma, dizendo que
não há problema no fato do PTC
ter sido o PRN de Collor.
Para ele, o presidenciável tucano, José Serra, está muito mais
"envolvido" com Collor do que o
ex-PRN. "Acho que uns 60% do
apoio ao Serra é de ex-colloridos,
como o deputado Antonio Kandir [PSDB-SP" e o senador Bernardo Cabral [PFL-AM]."
Parlamentarismo
Ontem, em palestra na Federação das Câmaras dos Dirigentes
Lojistas e das Câmaras dos Diretores Lojistas, Garotinho disse
que, se eleito, vai fazer um plebiscito sobre a viabilidade de um regime parlamentarista.
"O que temos hoje é um sistema
híbrido que é muito ruim para o
Brasil. Quando o presidente quer
enfrentar o Legislativo, baixa medidas provisórias. Quando o Legislativo quer enfrentar o presidente, faz decretos", afirmou.
Em seu discurso de cerca de 25
minutos, ele fez críticas ao seu adversário do PT, Luiz Inácio Lula
da Silva. "O que Lula governou até
hoje para querer governar o país?
Ele está na frente das pesquisas,
mas eu, que fui locutor de corrida
de cavalo, sei que todo cavalo que
sai na frente nunca ganha."
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