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Estudantes brigam com seguranças
LUCIO VAZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A convenção do PMDB foi marcada por tumultos. Às 13h, cerca
de 200 manifestantes invadiram o
plenário onde acontecia o evento.
O secretário-geral do partido,
Renato Viana, decidiu suspender
temporariamente a convenção
após o tumulto, que teve brigas
com socos e pontapés entre seguranças e manifestantes.
A maioria dos manifestantes era
composta de de estudantes secundaristas da UBES. Às 13h30, a
convenção recomeçou, após a
formação de um cordão de isolamento entre os manifestantes e os
convencionais. Manifestantes
chegaram a pegar pedaços de
mármore, que eram usados como
peso para segurar balões, e ameaçaram jogar nos seguranças.
Os transtornos começaram ainda antes da invasão dos estudantes, durante discurso da deputada
Rita Camata (ES), 41. Rita teve de
abandonar pela metade o discurso elaborado com a ajuda de publicitários, no qual usou o bordão
serrista "casa arrumada" para se
referir ao legado do governo Fernando Henrique Cardoso, e falou
de improviso para acabar com as
hostilidades ao seu pronunciamento. Ela respondeu firmemente aos ataques.
Rita reafirmou os votos que deu
contra alguns projetos do governo nos últimos sete anos. Foi vaiada e chamada de traidora. Depois,
lembrou as 16 leis que aprovou no
Congresso, todas na área social.
Em seguida, explicou por que está
apoiando Serra.
"Primeiro, porque eu reconheço que houve avanços importantes que devem ser mantidos e ampliados. Na área econômica, a
derrota da inflação será lembrada
nos livros de história como uma
das grandes vitórias do Brasil no
final do século 20", disse, acrescentando de improviso que "a casa está arrumada". Um militante
ironizou: "Só se for a sua casa".
Rita acrescentou em seguida:
área social, houve avanços igualmente importantes, embora ainda haja muito o que fazer". Disse
que os avanços na área social credenciam Serra como candidato a
presidente.
A partir desse momento, a deputada teve de improvisar o discurso para dar respostas aos militantes. Não pôde fazer os agradecimento finais à família e ao marido, o senador Gerson Camata
(PMDB-ES). "Gerson, você é o
meu herói", previa o discurso.
"Serra ladrão" e "traidora" foram as palavras de ordem mais
usadas pelos militantes contrários
à coligação com o PSDB. Esse primeiros manifestantes eram um
grupo de poucos delegados do
MR-8, a maioria deles senhores
de cabelos grisalhos que entoavam slogans antigos, como "Fora
daqui o FMI".
Os ataques políticos mais duros
a FHC e a Serra foram feitos pelo
senador Roberto Requião (PR),
que apresentou o seu nome como
candidato ao Planalto.
Requião ironizou o presidente
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Nelson Jobim, que cassou, na
madrugada de ontem, uma liminar que suspendia a convenção
do partido. "Parabéns ministro
Nelson Jobim, estou orgulhoso
das suas noites insones e das suas
decisões duras".
Requião iniciou o seu discurso
afirmando que o Brasil caminha
"no fio da navalha, oscilando entre a possibilidade de um país justo, próspero e feliz e o pesadelo argentino". Mas logo atacou a tese
da coligação: "Não viemos aqui
fazer uma troca. Estamos aqui para protagonizar acontecimentos e
não para desempenhar um ridículo papel de coadjuvante".
"Que alguns peemedebistas sejam entusiastas do modelo neoliberal, tudo bem. Mas querer levar
todo o partido para abraçar-se ao
modelo que se afoga, não vamos
permitir", acrescentou.
Após falar dos elevados índices
de desemprego, do achatamento
salarial, e de outras obras atribuídas ao governo FHC, Requião
perguntou: "Companheiros, que
estamos fazendo pretendendo
apoiar o candidato que se proclama o continuador dessa obra?".
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