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Evento havia sido suspenso a pedido dos oposicionistas do partido
Cúpula do PMDB derruba liminar e faz convenção
SILVANA DE FREITAS
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ala governista do PMDB conseguiu realizar ontem a convenção nacional do partido, após ela
ficar cinco horas suspensa na madrugada, em razão de liminar obtida no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) pelo grupo oposicionista. O encontro foi marcado por
tumultos (leia texto abaixo).
Sob pressão da liminar, concedida pelo ministro Sálvio de Figueiredo por volta da meia-noite,
a cúpula do PMDB decidiu incluir
na cédula de votação a opção de
registro da candidatura do senador Roberto Requião (PR) à Presidência, reivindicada pelos dissidentes peemedebistas.
Esse gesto político facilitou a
obtenção, às 5h, de uma nova decisão do TSE, desta vez de seu presidente, ministro Nelson Jobim,
ex-peemedebista e amigo do presidenciável do governo, José Serra
(PSDB).
Jobim cassou a liminar do colega e permitiu que os peemedebistas se reunissem das 9h às 17h no
auditório Petrônio Portela, no Senado. A votação começou às 9h15
e não havia acabado até a conclusão desta edição.
A proposta de candidatura própria, com a chapa Requião e Alda
Marco Antonio (SP) para vice, foi
lançada na última quarta-feira como tentativa da ala dissidente de
evitar a coligação em apoio a Serra. Só anteontem, a Executiva Nacional do PMDB aceitou incluir
esse tema na pauta.
Ainda assim, até a madrugada
de ontem, os governistas queriam
que a cédula trouxesse uma única
pergunta, que trataria da coligação PMDB-PSDB com a indicação da peemedebista Rita Camata
para vice. Na sua versão final, foi
inserida uma segunda opção: a
chapa Requião-Alda.
"A inclusão [dessa candidatura"
foi uma decisão política para
mostrar que a maioria quer a coligação", disse o presidente do
PMDB, Michel Temer (SP).
A expectativa do grupo governista era que, realizada a convenção, a aliança com o tucano fosse
aprovada por 502 dos 694 votos, o
que representaria a obtenção de
apoio de 72,3% dos convencionais. Na contabilidade de Temer,
haveria no mínimo 68,5% dos votos pela aliança.
Guerra de liminares
Requião chegou à convenção
ontem pela manhã anunciando
que entraria com recurso no STF
(Supremo Tribunal Federal) contra a liminar de Jobim e a ironizou. "Com a decisão dele, fica para os brasileiros a certeza de que a
nossa Justiça trabalha à noite." A
ala dissidente também pode tentar anular a convenção do PMDB
no Tribunal Superior Eleitoral.
Requião também considerou
insuficiente a mudança de última
hora na cédula. Disse que, apesar
de incluir o registro de sua candidatura, não colocou uma terceira
opção aos convencionais, que seria não fazer coligação na eleição
presidencial para ficar livre nas
alianças estaduais.
O senador Pedro Simon
(PMDB-RS) afirmou que a alteração assegurou uma forma democrática de consulta, mas previu
derrota da oposição.
"Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso entra, ganha fácil", afirmou Simon em referência aos acordos entre o governo e a cúpula do partido para
conseguir os votos necessários na
convenção.
Durante a madrugada, Temer
recebeu outros membros do grupo governista em sua casa para
decidir a estratégia diante da liminar obtida pelos oposicionistas.
Às 3h, os advogados do partido
levaram à casa do ministro Nelson Jobim recurso contra a liminar de Figueiredo.
Em sua decisão, o presidente do
TSE entendeu que estavam preservados os direitos de Requião
de ter o registro de sua candidatura apreciado pelo partido.
Jobim também concordou com
o argumento de que a ordem de
Sálvio de Figueiredo de publicação de novo edital, pelo menos oito dias antes da nova convenção,
comprometeria a realização até
30 de junho, o prazo final, das
convenções estaduais, que são
posteriores à nacional.
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