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Texto de delegado ataca "chefões" e ironiza Judiciário
EM SÃO PAULO
Diferentemente de relatórios policiais que embasaram
operações recentes da Polícia Federal, o texto assinado
pelo delegado Protógenes
Queiroz na Operação Satiagraha continha diversos trechos em que ele expressava
fortes opiniões, narrando a
investigação em tons de disputa entre o bem e o mal.
Ao mesmo tempo em que
classificava o banqueiro Daniel Dantas e o investidor
Naji Nahas na categoria do
"mal" -os dois são chamados de "chefões" ou "capos"-, o delegado exalta sua
própria atuação constantemente e dá estocadas na legislação vigente e na Justiça.
Isso ocorre, por exemplo,
quando lembra que a Justiça
não concordou com pedido
de prisão que já fizera em relação ao ex-prefeito Celso
Pitta, em investigação anterior. E ironiza, citando uma
suposta prerrogativa de "impunidade" (no lugar de imunidade) parlamentar.
"Vale dizer que este investigado [Pitta] figurou como
integrante de uma quadrilha
comandada pelo também ex-prefeito da cidade de São
Paulo Paulo Maluf, (...) cujo
processo encontra-se tramitando do STF [Supremo Tribunal Federal] devido à sua
prerrogativa de impunidade
parlamentar".
No relatório, o delegado
reserva também um capítulo
para afirmar que o grupo manipulou a mídia. Como "indício", apresenta supostas conversas com jornalistas.
No caso da jornalista Andréa Michael, da Folha
-que teve pedido de prisão
feito pelo delegado, mas negado pela Justiça-, o relatório anota como "evidência"
de que Daniel Dantas recebeu informação privilegiada,
que seria o contato do jornal
feito um dia antes da publicação de reportagem revelando que a PF investigava o
banqueiro. O relatório não
esclarece que o contato tinha
o objetivo de ouvir a versão
do banqueiro em relação às
suspeitas, o chamado "outro
lado", no jargão jornalístico.
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