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Barbosa chama Eros Grau de "burro" após habeas corpus
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma divergência jurídica entre os ministros do Supremo
Eros Grau e Joaquim Barbosa
se transformou, durante a semana, num bate-boca histórico
do tribunal, conforme informou ontem Mônica Bergamo,
colunista da Folha.
O estopim foi o habeas corpus concedido por Eros na última terça-feira a Humberto
Braz, apontado pela Polícia Federal como o enviado de Daniel
Dantas em tentativa de suborno para livrar o banqueiro e a
família dele de investigação.
O desentendimento tem início na diferente visão jurídica
de cada um. Em matéria penal,
Barbosa levou do Ministério
Público para o STF uma conduta considerada mais punitiva. Já Eros tende a defender a
liberdade e a inocência até condenação em última instância.
Tal ponto de vista de Barbosa
o fez discordar radicalmente da
decisão do colega, ao ponto de
abordá-lo após sessão do TSE,
segundo o site Consultor Jurídico, com a seguinte questão:
"Como é que você solta um cidadão que apareceu no "Jornal
Nacional" oferecendo suborno?". Teria então chamado
Eros de "velho caquético" e dito que ele "tem a cara-de-pau
de querer entrar na Academia
Brasileira de Letras", referindo-se a romances do colega.
No dia seguinte, a briga continuou, no Supremo. No intervalo do plenário, por volta das
16h, Eros e os colegas Carlos
Ayres Britto, Carlos Alberto
Direito e Cezar Peluso faziam o
tradicional lanche da tarde,
acompanhados do procurador-geral da República, Antonio
Fernando Souza, de assessores
e seguranças, quando Barbosa
entrou na sala. "Não gostei do
que você escreveu [na decisão]", disse para Eros, elevando
o tom de voz. "O senhor é burro, não sabe nada. Deveria voltar aos bancos e estudar mais."
"Isso penso eu e digo porque
tenho coragem. Mas os outros
ministros também pensam assim, mas não têm coragem de
falar. E também é assim que
pensa a imprensa", continuou
Barbosa com o dedo em riste.
Eros pouco falou: "O senhor
deveria pensar bem no que está
falando". Os demais ministros
ficaram em silêncio.
Os dois só voltaram a se encontrar na última quinta-feira,
também no TSE, sem aparentar desentendimentos.
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