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AMÉRICA LATINA
Idéia, que seria apoiada por Fox, Lagos e Kirchner, é que cada país possa negociar temas como achar melhor
Lula pede apoio à sua proposta para Alca
JULIA DUAILIBI
DA ENVIADA ESPECIAL A
SANTA CRUZ DE LA SIERRA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pediu ontem apoio a outros
países da América do Sul para a
proposta brasileira de criar uma
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas) em que cada país possa
negociar o acordo que lhe for
mais conveniente.
Em café da manhã com os presidentes da Argentina, Néstor
Kirchner, do Chile, Ricardo Lagos, e do México, Vicente Fox, o
brasileiro insistiu na tese, a ser defendida na reunião de Miami, na
próxima semana, que permitiria a
cada país buscar a negociação,
dentro da área de livre comércio,
que considerar mais vantajosa para determinados temas.
"Lula expôs a posição brasileira
e disse que essa proposta havia sido aceita pelo [Robert] Zoellick
[chefe do Ministério do Comércio
Exterior americano]", declarou o
assessor especial da Presidência
para assuntos internacionais,
Marco Aurélio Garcia.
O café da manhã ocorreu a convite de Lagos, no hotel Los Tajibos, em Santa Cruz de la Sierra,
Bolívia, onde ocorre a 13ª Cúpula
Ibero-Americana e onde se hospedam 21 chefes de Estado da
América Latina, Portugal e Espanha. Fox e Lagos, segundo Garcia,
teriam se manifestado favoravelmente à proposta. Kirchner já havia dado apoio à idéia brasileira.
Para os presidentes, Lula colocou ainda que a proposta brasileira prevê uma base mínima de negociação comum: o comércio de
bens e o de serviços. Insistiu também no acompanhamento dos
acordos bilaterais assinados entre
Brasil e os demais países.
Lula, disse Garcia, tem cobrado
"acompanhamento rígido" para
que os contratos entre os países
tenham "consequências efetivas".
"A máquina do Estado é muito
lenta, e a política externa brasileira está muito turbinada", disse
anteontem Garcia. O presidente
havia então se reunido com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para quem colocou o "esforço" feito pelo Brasil para dar curso aos seus acordos bilaterais.
Segundo Garcia, o Brasil assinou acordos com quase todos os
países da região. Esses contratos
fazem parte do projeto de "integração da América do Sul", classificado anteontem por Lula como
um "sonho" que o seu governo
estaria realizando.
Além de acordos comerciais,
consta do projeto de integração a
construção de obras físicas de integração, como pontes, estradas e
aeroportos. Parte delas recebe o
financiamento do BNDES.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avaliou
que os encontros bilaterais de Lula serviram para discutir entraves
em financiamentos do BNDES
que ainda não saíram. "Temos
acompanhado isso. Cada caso é
um caso. Temos de acompanhar
os detalhes das negociações dos
projetos", afirmou.
"Ontem mesmo desatamos o nó
de um financiamento de uma hidrelétrica no Equador", declarou
Marco Aurélio Garcia.
Na avaliação do presidente, ainda de acordo com Garcia, não
basta o empenho dos países envolvidos para que haja a integração regional da América do Sul.
Os organismos multilaterais também teriam de se empenhar. Daí a
entrada do tema em pauta na conversa de Lula com Annan.
O presidente ainda teria indagado ao secretário-geral da ONU se
a próxima reunião do G8, grupo
dos países mais ricos do mundo,
que ocorrerá nos EUA no ano que
vem, terá a participação do G12
-formado também por países
em desenvolvimento.
Lula esteve ontem também com
o presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, a quem falou sobre a proposta brasileira para a Alca -o
venezuelano é um dos principais
críticos do acordo.
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