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CÂMARA OCULTA/OUTRO LADO
Presidentes de comissões permanentes assumem que alguns CNEs atuam fora de suas áreas e de Brasília
Deputados dizem que "todos trabalham"
DA AGÊNCIA FOLHA
DO ENVIADO A BRASÍLIA
Para o deputado Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), todos os CNEs da Comissão de Legislação Participativa, que ele preside, trabalham para ela, em Brasília ou nos Estados. "Todos estão
sob a minha responsabilidade,
sem dúvida." Sobre o fato de alguns deles trabalharem fora do
DF, Alves disse: "A própria nomenclatura já diz que são de características especiais, para servir
ao presidente da comissão e difundi-la pelo país". Corauci Sobrinho (PFL-SP), presidente da
Comissão de Ciência e Tecnologia, disse que todos os CNEs lotados na seção "trabalham".
Givaldo Carimbão (PSB-AL),
presidente da Comissão de Defesa
do Consumidor, Meio Ambiente
e Minorias, declarou que "alguns
CNEs estão fazendo trabalhos importantes fora de Brasília, ajudando em investigações, trazendo informações para a comissão, o que
eu acho legítimo. Mas é verdade
também que cedemos alguns funcionários para outros colegas deputados que nos pedem. Isso faz
parte do jogo político. Concordo
que nem sempre os parlamentares fazem uso correto, ético, desses servidores. Eu fui ao presidente João Paulo [Cunha] e disse que
não é possível que as funções dos
CNEs sejam desviadas. Pedi ao
presidente para fazer uma conscientização entre os parlamentares para acabar com essa prática,
que é ruim para a Casa".
Pela Comissão de Agricultura e
Política Rural, o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS) declarou
que dos 11 comissionados da seção que preside, dez estão em Brasília e um trabalha para ele, prestando assessoria para a comissão,
em Campo Grande (MS).
"Admito que há uma pessoa fora de Brasília, em meu Estado,
mas prestando assessoria para
trabalhos da comissão. Ele nos
ajuda com os sindicatos, com as
cooperativas. Cada um dos CNEs
tem funções determinadas dentro
da comissão e tem afinidade com
a agricultura. Não há nenhum caso de gente que esteja fazendo trabalho político", disse Moka.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, o deputado Átila Lins
(PPS-AM) confirmou que nem
todos os CNEs lotados na comissão que preside -da Amazônia e
de Desenvolvimento Regional-
prestam serviços ao órgão. Sete
dos dez funcionários estão cedidos para parlamentares do PPS e
de outros partidos.
Cléber Cavalcante, chefe de gabinete do presidente da Comissão
de Segurança Pública, Moroni
Torgan (PFL-CE), disse que um
grupo de "cinco ou seis" CNEs foi
designado para formar um "grupo de investigação", que vai trabalhar em outra sala da Câmara,
fora da comissão.
O deputado Enio Bacci (PDT-RS), da comissão de Direitos Humanos, afirmou que, com exceção de quatro CNEs cedidos ao
seu partido, "todos trabalham na
comissão". Léo Alcântara (PSDB-CE) não quis dar informações sobre os CNEs que atuam na Comissão de Economia, Indústria e Comércio. Informou que só a direção geral da Casa poderia fazê-lo.
José Janene (PP-PR) disse que
"todos trabalham" na Comissão
de Ciência e Tecnologia.
A Folha não conseguiu falar
com os presidentes das comissões
de Viação e Transporte (Romeu
Queiroz, PTB-MG), de Trabalho,
Administração e Serviço Público
(Luiz Medeiros, PL-SP) e de Seguridade Social e Família (Angela
Guadagnin, PT-SP). Suas assessorias foram informadas do teor da
reportagem na quarta-feira, mas
ninguém ligou de volta até a noite
de sexta-feira.
(JM, EDS E RV)
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