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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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"Vamos ter de controlar isso", diz parlamentar

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, Simão Sessim (PP-RJ), disse que "cinco ou seis" CNEs lotados em sua comissão na verdade trabalham para a liderança do PP. Mas adiantou que ordenará o retorno de todos os assessores que não estão na comissão. (RV)
 
Folha - Há uma lista de 12 CNEs lotados na comissão que o sr. preside. Quantos deles trabalham realmente no órgão?
Simão Sessim -
Essa parte está toda com o presidente da Câmara [João Paulo Cunha]. É ele que está responsável por isso. Todos os que estão subordinados a nós [à comissão], de alguma forma, estão trabalhando. Não tem ninguém que não esteja trabalhando.

Folha - Nos gabinetes?
Sessim -
Eu queria que você entendesse o seguinte: nós estamos obedecendo a todas as determinações do presidente da Casa.

Folha - O sr. não acha curioso não controlar o número de assessores da comissão que o sr. preside?
Sessim -
Não, eu não tenho controle. Isso é feito pela parte administrativa. O que eu quero que você diga aí é o seguinte: nós estamos obedecendo às determinações do presidente da Casa.

Folha - E quais foram elas?
Sessim -
Que nós loteássemos de acordo com os interesses da comissão, dos deputados da comissão e, consequentemente, [ceder] alguns à liderança do partido [PP].

Folha - Outros presidentes de comissão sabem dizer quantos CNEs servem aos órgãos. O sr. não sabe mesmo dizer?
Sessim -
Eu não sei. Preciso de um tempo para ver isso. Mas diante disso que você está colocando, vamos ter de passar a controlar isso, chamar todo mundo. Diante desse alerta, vamos chamar todo mundo. Eu não tenho interesse nenhum nisso. Estamos obedecendo às contratações que o presidente da Câmara definiu com a nossa liderança.

Folha - Quer dizer que os cargos da comissão não pertencem só à comissão?
Sessim -
Pertencem também ao partido. Isso precisa ser dito. Dessa lista que você tem, alguns funcionários estão à disposição, estão lotados na liderança do partido.

Folha - Nem em linhas gerais o sr. sabe dizer quantos trabalham para a comissão e quantos trabalham para outros locais?
Sessim -
Lá [na comissão] devem ter dois ou três. Cinco ou seis devem estar na liderança, fazendo trabalhos para o partido. A liderança é que controla onde está esse pessoal. Mas não só eu abri mão dos funcionários. Todas as comissões entregam os cargos aos partidos. Os partidos é que farão a distribuição. Mas eu farei uma coisa: vou chamar todo mundo pra trabalhar, acabar com isso. Inclusive os que estão na liderança.

Folha - Acabar com isso, o quê?
Sessim -
Com esse desvio. Tentar recuperar isso. A comissão foi dada ao partido e não a mim. Eu fui escolhido pelo partido, que fez a distribuição dessa gente.

Folha - Esses servidores não fazem falta para os trabalhos da comissão?
Sessim -
A gente tem outros funcionários ajudando, cedidos por outros colegas, que não têm nada a ver, mas estão ajudando.



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