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Mesmo com feriado, 96% dizem que vão ficar na cidade para votar
DA REPORTAGEM LOCAL
A "guerra dos feriados" travada
entre a Prefeitura de São Paulo e o
governo do Estado pode ter sido
uma batalha em torno do nada.
Mesmo com o segundo turno no
meio de um feriado prolongado,
96% dos paulistanos disseram ao
Datafolha que planejam ficar na
cidade para votar.
No final da semana retrasada, a
prefeitura e o governo estadual
anteciparam ou adiaram, cada
um de acordo com suas conveniências eleitorais, o ponto facultativo do Dia do Funcionário Público -28 de outubro, a quinta-feira que antecede a eleição. O segundo turno da eleição é no domingo do dia 31 de outubro e em 2
de novembro, a terça-feira, é feriado do Dia de Finados.
Como José Serra (PSDB) tem
mais folga entre o eleitorado de
classe média e Marta Suplicy (PT)
ganha força nas classes de mais
baixa renda, existe a percepção de
que a eleição no meio do feriado
prejudica o tucano, uma vez que
seus eleitores tenderiam a viajar,
tirando seus votos.
Para manipular a agenda eleitoral, a prefeitura mudou o feriado
do Dia do Funcionário Público de
28 para 29 de outubro. Também
haverá ponto facultativo na segunda-feira, dia 1º. Assim, criou
um feriadão de cinco dias, de sexta a terça-feira, para seus 130 mil
servidores, com a eleição no meio.
Já o governo estadual antecipou
em 17 dias a folga, criando um feriadão de 8 a 12 de outubro. Foram atingidos pela medida 700
mil servidores da ativa, ao menos
200 mil deles lotados na capital.
Em compensação, trabalharão
nos dias 28 e 29, além de 1º de novembro. Assim, com o feriado
mais longo duas semanas antes,
há mais possibilidade de ficarem
na cidade na eleição. A intenção,
assumida declaradamente pelo
governo do Estado, foi a de evitar
o "efeito Guarujá" e garantir a
presença dos eleitores em São
Paulo no dia 31 de outubro.
Tucanos viajantes
Fora os 96% que dizem que estarão na cidade para votar, 2%
afirmam que vão viajar, e outros
2%, que ainda não sabem.
Esses 2% que preferem curtir o
feriado a votar parecem confirmar a tese de que Serra seria o
mais prejudicado pelo "efeito
Guarujá". Dos que planejam viajar, 51% são eleitores do tucano, e
apenas 24% votariam em Marta.
Outros 17% escolheriam entre
anular ou votar em branco.
A eleição despertou uma espécie de "sentimento cívico" nos
paulistanos. Normalmente, 23%
viajam sempre ou quase sempre
em feriados, segundo a pesquisa.
Já 76% raramente ou não costuma viajar. No último feriado, o de
Nossa Senhora, 12 de outubro,
14% dos eleitores viajaram. Entre
os que ganham mais de dez salários mínimos (R$ 2.600 por mês),
esse percentual sobe para 25%.
O diretor do Datafolha, Mauro
Paulino, afirma que os 2% que
planejam viajar no feriado da eleição não devem ser confundidos
com os que normalmente se abstêm, a maioria deles por não morar mais na cidade, sem, no entanto, ter transferido o seu título de
eleitor. No primeiro turno, a abstenção foi de 14,95% -1.162.120
eleitores não votaram.
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