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Magistrados contestam os dados oficiais
DA REPORTAGEM LOCAL
Juízes aparecem nas listas de filiados fornecidas pelos partidos à
Justiça Eleitoral. A maioria disse
ter sido filiada ainda no tempo estudantil, mas abandonou qualquer atividade partidária após entrar na magistratura.
Alguns, porém, disseram que
nunca foram filiados e vão pedir
uma apuração sobre o assunto,
sugerindo que seus dados pessoais possam ter sido manipulados pelos partidos.
O juiz da 29ª Vara Cível de São
Paulo, Manoel Justino Bezerra Filho, 60, que aparece como filiado
ao PMDB, disse que se filiou ao
partido "há mais de 30 anos".
Conta ter tido atividade partidária
entre 74 e 77, período do regime
militar. "Na época, lutávamos pelas garantias dos nossos direitos
básicos, como liberdade. E não
me arrependo disso", afirmou.
"Mas depois me mudei de bairro,
ingressei na magistratura, nunca
mais tive qualquer atividade, por
isso estranho o meu nome ainda
constar", diz o juiz.
Foi filiado ao PMDB na década
de 80 o então estudante Pedro
Paulo Maillet Preuss. Hoje, aos 41
anos, é juiz da 4ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros. "Era a
época da campanha das diretas",
disse. Preuss afirmou que, ao ingressar na magistratura, em 1988,
pediu sua desfiliação. "É uma surpresa descobrir que meu nome
ainda consta como filiado, isso foi
há mais de 22 anos. Vou pedir novamente a retirada do meu nome.
Se houve erro na hora de o partido dar baixa, o erro não foi meu."
O juiz corregedor auxiliar dos
presídios, Paulo Eduardo de Almeida Sorci, 36, também disse
que não sabia que ainda era filiado ao PSDB. Disse porém que,
por não ser juiz eleitoral, não via
impedimento para ser filiado.
Após conversar com a corregedoria do Tribunal de Justiça, ligou
para a reportagem e disse que pediria a sua desfiliação: "Vou me
desfiliar, não sabia, mas nem lembrava que era filiado. Isso deve ter
sido quando eu tinha 21 anos".
O juiz da 2ª Vara de Tupi Paulista, Moisés Harley Alves Coutinho,
30, disse que foi filiado ao PDT
entre 97 e 98, quando advogou
para o partido. Depois, ao ingressar na magistratura, pediu a baixa
na zona eleitoral de Teodoro
Sampaio. "Não sei o que ocorreu e
porque não tiraram meu nome."
Outros, no entanto, disseram
que nunca assinaram fichas de
inscrição nem tiveram qualquer
aproximação partidária. Como o
juiz eleitoral de Mogi das Cruzes,
Marco Antonio Rodrigues Nahum. "Nunca fui filiado, nem poderia ser pois sou juiz de direito".
Ao ser informado de que o nome
dele e o número do título constavam como filiado ao PMDB, disse
rindo: "Não tinha um partido melhor?". Ele disse que seu nome foi
incluído sem seu conhecimento e
que irá pedir a retirada imediata.
O procurador da República
Wanderley Sanan Dantas, de Niterói (RJ), também disse nunca
ter se filiado ao PTC, como consta
na listagem do TSE. O número do
título confere. Por meio da assessoria de imprensa da Procuradoria, informou que irá pedir a instauração de um procedimento
criminal para apurar o uso indevido do seu nome. "Isso é um absurdo. Não conheço ninguém do
PTC", disse.
(LC e RV)
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