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CURITIBA
Depois de entrar em atrito com marqueteiro, Vanhoni e seu grupo passaram a interferir mais nas decisões sobre a campanha
Desvantagem faz petista isolar Duda Mendonça
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A campanha a prefeito do petista Ângelo Vanhoni voltou às ruas
de Curitiba e aos programas de
mídia eletrônica na semana que
passou com mudança no símbolo
-o primeiro indício de que Duda
Mendonça e equipe não decidem
sozinhos o marketing do candidato do PT no segundo turno.
A tradicional estrela vermelha
de cinco pontas do PT foi substituída por uma de cor amarela, em
terceira dimensão, com o desenho de uma careta sorridente. A
estrela amarela nada mais é que o
símbolo resgatado das campanhas a prefeito que Vanhoni disputou em 1996 e 2000. De novo, só
uns contornos e a grife "PT", que
Duda acrescentou no centro, quase imperceptível.
O coordenador de imprensa da
campanha petista, Gilmar Piolla,
diz que o resgate do símbolo antigo "foi um pedido do próprio Vanhoni". Afora o desejo do candidato, "a estrela amarela tem empatia com o eleitor e agrada às
crianças, que já disputam o adesivo para espalhar na roupa", afirma o coordenador.
Ele, porém, nega que o resgate
seja uma tentativa de atenuar o
vínculo de Vanhoni com o PT e
diz que a troca "foi bem aceita"
por Duda Mendonça.
Crise
Contados os votos do primeiro
turno, Beto Richa (PSDB) chegou
quatro pontos percentuais à frente de Vanhoni, e o petista não saiu
de onde largou (fez 31,18%). Duda
entrou em choque com a cúpula
da campanha petista, que responsabilizava o marqueteiro pelo desempenho considerado decepcionante. A crise chegou a ponto de o
marqueteiro mandar a equipe
embarcar em um vôo de volta a
São Paulo.
Duda reclamava de atraso de
pagamento do PT nacional e a
coordenação de Vanhoni -a começar pelo governador Roberto
Requião (PMDB), que apóia o petista- criticava o marqueteiro
por ele não ter captado "a alma
curitibana" nos programas de mídia eletrônica.
Uma negociação com a cúpula
nacional do PT manteve Duda
nas principais campanhas de petistas no segundo turno, mas, no
caso de Curitiba, ficou acertado
com Vanhoni que haveria interferência local na decisão sobre a nova propaganda. É o que se vê desde a última quinta-feira, quando o
candidato e seus principais cabos
eleitorais desfilaram com a estrela
amarela no peito no evento de
adesão do candidato do PL no
primeiro turno, Mauro Moraes, à
candidatura petista.
O primeiro passo foi a adesão
dos publicitários Ricardo Correa
e Antonio Sérgio Cescatto -marqueteiros de Vanhoni em 96 e
2000- ao grupo de criação. Em
2000, Vanhoni perdeu por uma
pequena diferença de votos (cerca
de 26 mil) do atual prefeito Cássio
Taniguchi (PFL).
Duda também reforçou seu pessoal, chamando Raimundo Luedy
-que conduziu a campanha vencedora de João Paulo, em Recife- para auxiliar Dante Matiussi,
que chefia a equipe de Duda em
Curitiba.
A participação do "espírito curitibano" na criação de Duda não se
limita ao símbolo. O slogan "Tá
na hora, Curitiba" deu lugar ao
novo "Mudança com segurança"
-sugestão da ala do PMDB. Os
"nativos" ainda cunharam a frase
"Sou Curitiba, sou Vanhoni", como mote alternativo de adesivos.
Richa não muda
Na campanha adversária, pouco mudou, exceto no comando do
marketing. Cila Schulmann, que
fez a campanha de Vanessa Grazziotin (PC do B), em Manaus,
substituiu Hiran Pessoa de Melo,
da Planeta Político.
As peças publicitárias de Richa
continuam as mesmas do primeiro turno, apenas com a alteração
do slogan "O prefeito da gente"
para "O prefeito perto de você". O
argumento para manter a propaganda como está é a máxima do
futebol de que não se mexe em time que está ganhando.
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