|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hoje, a PF é a responsável, com 40 agentes;
militares querem assumir a função após a posse do presidente
Segurança pessoal de Lula é disputada por PF e militares
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal (PF) e os militares travam nos bastidores uma
disputa sobre quem comandará a
segurança pessoal do presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
A PF é a responsável hoje pela
segurança de Lula, com cerca de
40 agentes destinados para a tarefa, além de equipes regionais nos
Estados em que o presidente eleito visita.
Desde o envolvimento de integrantes da cúpula da PF em grampos, o presidente Fernando Henrique Cardoso colocou sua segurança particular nas mãos do general Alberto Cardoso, da Secretaria de Segurança Institucional,
ligada diretamente à Presidência
da República.
Os agentes federais são auxiliares, mas não se envolvem nas
questões centrais da segurança.
Os 40 agentes que fazem parte
do núcleo de segurança de Lula se
dividem em três turmas de escalas
semanais: uma acompanha o presidente eleito, uma segunda descansa e a última treina.
Os militares querem manter a
responsabilidade pela segurança
do presidente depois que ele tomar posse. Nos bastidores, relembram episódios da Polícia Federal
no governo tucano.
Ainda durante seu primeiro
mandato, FHC exonerou o embaixador Julio Cesar dos Santos,
um assessor próximo, por ter sido
grampeado supostamente negociando privilégios a empresas que
disputavam a licitação de implantação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Santos foi alvo de uma escuta telefônica com autorização judicial
-a PF pediu a um juiz o grampeamento do telefone dele com
base em uma duvidosa investigação sobre narcotráfico.
O ex-diretor da PF Vicente Chelotti, durante uma disputa interna
de poder na entidade, teve divulgada uma gravação em que citava
supostas fitas que comprometeriam o presidente da República e
que estariam em suas mãos. Caiu
do poder, afastando de vez a PF
do núcleo próximo de FHC.
Já os agentes federais rebatem
lembrando que os principais
grampos no país envolveram
agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), subordinada ao general Cardoso.
O caso principal é o do grampo
do BNDES, no qual um agente da
Abin - Telmo Rodrigues- foi
recentemente condenado sob
acusação de tê-lo colocado. O primeiro escalão da Abin no Rio foi
investigado, mas a sentença da semana passada os isentou de responsabilidade.
Conversas sobre a privatização
do Sistema Telebrás do então ministro das Comunicações, Luiz
Carlos Mendonça de Barros, e do
então presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), André Lara Rezende, inclusive as
mantidas com FHC, foram grampeadas.
Os agentes da PF afirmam que
os grampos hoje são negócios empresariais e políticos comandados
por pessoas que pertencem ou
pertenceram à chamada comunidade de informações, que vive na
órbita da Abin.
Impasse
A solução desse impasse dependerá do encaminhamento de outra questão: quem chefiará no governo de Lula o ministério da Defesa e os comandos militares das
três Forças.
O presidente eleito tem mantido
contatos com representantes das
Forças Armadas e não quer melindrá-los. Os petistas afirmam
manter boas relações com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Os militares querem no Ministério da Defesa alguém que siga a linha de
atual ministro, Geraldo Quintão.
Na prática, envolve-se pouco nos
temas específicos dos militares.
O petista mais cotado para o
cargo, o deputado José Genoino,
tem boas relações com os militares, mas dificilmente aceitaria ter
um papel quase decorativo.
O fato de ter combatido na
guerrilha do Araguaia é tido como superado. O problema seria o
grau de reformas que eventualmente poderia tentar fazer no cargo. Quanto maior, maior a resistência.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Petista preocupa equipe de segurança Índice
|