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OUTRO LADO
Ação deve ser multidisplinar, afirma Funasa
DA ENVIADA ESPECIAL A REDENTORA
O diretor do Desai (Departamento de Saúde Indígena da
Funasa), Ubiratan Moreira, admite que os programas de auto-sustentação das comunidades indígenas estão atrasados.
Ele ressalta, no entanto, as dificuldades de transformar uma
cultura, tradicionalmente caçadora e coletora, em agrícola.
Moreira afirma que a fome
entre os índios é um problema
a ser resolvido de forma multidisciplinar, envolvendo não
apenas o Ministério da Saúde e
a Fundação Nacional do Índio,
mas os ministérios do Meio
Ambiente e da Agricultura.
O diretor do Desai diz que a
distribuição de Bolsa-Alimentação entre os índios foi alvo de
"muita discussão". Mas se chegou a conclusão, diz ele, que
dar R$ 15 por criança desnutrida (até o limite de R$ 45 por família) não seria solução. No
Norte, por exemplo, os índios
gastariam quase todo esse valor
para se deslocar da aldeia ao
banco, em razão das grandes
distâncias, afirma Moreira.
O "Programa de Promoção
da Alimentação Saudável em
Comunidades Indígenas"
-cuja criação ainda não foi
oficializada - está orçado em
R$ 20 milhões por ano e tem
como objetivo promover a auto-sustentação das aldeias de
acordo com a vocação de cada
uma delas. As três principais linhas de atuação deverão ser
agricultura, criação de animais
e artesanato.
O que ainda não ficou definido é que órgão do governo vai
coordenar o programa. O dinheiro deverá sair do Fundo de
Combate à Pobreza ou do orçamento do Ministério da Saúde.
O programa tem como parâmetro trabalhos desenvolvidos
por ONGs em aldeias, caso da
produção de cestas no Alto Rio
Negro, no Amazonas, do mel
de abelha, no Xingu, e, do Urucum, no Acre.
A nutricionista Maria de Fátima Carvalho, da Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da
Saúde, diz que o novo programa de alimentação é fruto de
discussão com indigenistas,
antropólogos e lideranças indígenas. Depois que a portaria
criando o programa for assinada, será feito um relatório à
equipe de transição do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ela, o ministério repassará R$ 70 mil, em caráter
emergencial, para a aquisição
de alimentos no Rio Grande do
Sul.
(GA)
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