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Nove grupos atuam
no Triângulo Mineiro
DA ENVIADA ESPECIAL A UBERLÂNDIA
No Triângulo Mineiro, não é o
MST que dá as cartas no movimento pela reforma agrária, mas
o MTL (Movimento Terra Trabalho e Liberdade), que prega a criação de empresas rurais comunitárias, em vez do sistema de glebas
individuais. Ele pretende adotar o
modelo em seu assentamento na
fazenda Tangará.
Há nove facções agindo no
triângulo. A maioria nasceu de rachas do MTL. Há organizações de
âmbito local, como o CLST (Caminho de Libertação dos Sem
Terra), que controla dois assentamentos de Uberlândia.
Segundo a Superintendência
Regional do Incra em Minas Gerais, o MTL controla oito acampamentos no Triângulo Mineiro, de
30 identificados até sexta-feira.
Em segundo lugar, está a Fetaemg (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de
Minas Gerais) com seis. O MST
tem o mesmo número (quatro)
da desconhecida MTR (Movimento dos Trabalhadores Rurais), que reúne famílias de sem-teto e sem-terra.
O MTR surgiu há um ano, em
Uberlândia, mas já se prepara para invadir fazendas em Goiás e em
São Paulo, segundo seu coordenador, Divino Divas, 44. Ele disse
que estão programadas ações, para breve, em Barretos (SP) e Goiás
Velho (GO) e que o movimento
representa 745 famílias de sem-teto e 148 famílias de sem-terra.
Algumas siglas são tão parecidas que se confundem, como
MTL e o MLT (Movimento de Luta pela Terra). Este último foi criado por militantes do PC do B e invadiu duas fazendas (Estiva e
Veio D'água) em Uberlândia, na
semana passada. As ações ocorreram na quarta à noite, e a Polícia
Militar acabou sendo informada
do fato pela reportagem, que esteve no local na quinta, antes do registro da ocorrência.
Segundo Django Alves, 33, da
coordenação regional do MLT, a
direção nacional decidiu, em
março, acelerar as invasões. Há
duas semanas, o movimento ocupou uma fazenda em Araguari,
também no Triângulo Mineiro.
Ele diz que a organização crê no
socialismo marxista-leninista e
que as recentes invasões são para
chamar atenção do governo.
Fazenda coletiva
Segundo Deodato Divino Machado, da coordenação estadual
do MTL, a organização não se limita à questão agrária. Está envolvida com os sem-teto, com sindicatos e com transporte alternativo (vans e microônibus) em
Goiânia. Só o transporte, ele diz,
movimenta R$ 5 milhões/mês.
O projeto de empresa rural comunitária, proposto pelo MTL,
está na publicação ""Alternativa
para o Assentamento - Cartilha de
Formação nš 1", distribuída aos
militantes. Estabelece que no máximo 20% da área assentada será
para uso individual e que os 80%
restantes ficarão subordinados ao
planejamento coletivo. Os assentados teriam cotas na cooperativa.
Deodato disse que a adesão será
voluntária e que o projeto de produção coletiva em Tangará seria
viável com a adesão de 30 famílias. Diz já contar com o dobro.
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