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Bispo apóia ocupação
e fazendeiro o critica
DA ENVIADA ESPECIAL A UBERLÂNDIA
O bispo de Uberlândia, dom José Alberto Moura, diz que apóia a
ocupação de fazendas improdutivas pelos sem-terra e que apregoa
a não-violência e o respeito aos
mais necessitados.
A APR (Animação Pastoral Rural) é o braço da Igreja Católica de
apoio aos sem-terra e sem-teto no
Triângulo Mineiro. O bispo confirma que há membros da Pastoral Operária no grupo de acampados da fazenda Tangará que estão
em conflito com o MTL, mas diz
que eles agiram por conta própria, e não por orientação da igreja: ""A Pastoral Rural dá assistência aos assentados, inclusive na
defesa judicial, mas não se confunde com os movimentos. Ela
age para minimizar os conflitos".
O bispo avalia que a situação
agrária no Triângulo Mineiro é
preocupante: "Temos forte peso
do poder econômico e dos grandes proprietários, que defendem
sua posição com unhas e dentes",
afirmou.
Em 1999, o bispo denunciou
duas entidades de produtores rurais -UPDR (União de Defesa da
Propriedade Rural) e MNP (Movimento Nacional dos Produtores)- por atos de violência contra sem-terras e contra membros
da igreja. Com isto, ele atraiu para
si a ira de grandes fazendeiros.
O presidente da UPDR , Eduardo Souza, acusa a Pastoral Rural
de "inflamar" os sem-terra. Segundo ele, não há diálogo entre a
igreja e a entidade, que reúne cerca de 100 fazendeiros do município de Ituiutaba.
O Ministério Público de Minas
Gerais pediu a extinção da UDPR,
alegando que a entidade estimula
milícias armadas. Eduardo Souza
disse que soube informalmente
do pedido, mas que não foi notificado pela Justiça. Ele nega a existência de milícias armadas na região.
O presidente do Sindicato Rural
de Uberlândia, Paulo Roberto Cunha, diz que o clima de tensão já
foi maior no Triângulo Mineiro e
que a opinião pública está mais
favorável aos fazendeiros.
Depois de dizer que ignora a
igreja, ele usa a ironia para criticar
a atuação de dom Alberto Moura.
"Os padres deveriam ir todos para o confessionário pedir perdão a
Deus pelo que estão fazendo com
os produtores rurais, que fizeram
as igrejas do Brasil", afirmou.
Segundo Paulo Cunha, existem
2.500 propriedades rurais no município de Uberlândia, sendo 120
acima de 500 hectares. Acima de 5
mil hectares, seriam apenas três
propriedades. De acordo com Cunha, a diversidade de facções de
sem-terra é boa para os proprietários rurais porque enfraqueceria o
movimento.
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