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POLÍTICA ECONÔMICA
Folha ouviu 62 dos 90 representantes da sociedade civil no CDES; só 5 foram favoráveis à manutenção da taxa
Conselheiros de Lula defendem juro menor
DA REDAÇÃO
O BC (Banco Central) deveria
reduzir a taxa básica de juros, a
Selic, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que será realizada terça e
quarta. Essa é a opinião de pelo
menos 46 dos 90 representantes
da sociedade civil no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social (CDES). Instalado em fevereiro por Luiz Inácio Lula da Silva,
o órgão tem a função de aconselhar o presidente e auxiliar o governo na formulação de políticas.
A Folha ouviu 62 dos representantes da sociedade, e apenas 5 se
manifestaram contra o corte. A defesa da redução da taxa foi feita por empresários, sindicalistas, religiosos, dirigentes de entidades de classe e
integrantes de movimentos sociais. Dos 13 sindicalistas do conselho, 11 foram favoráveis à queda. Entre os 26 empresários que se
posicionaram, 22 disseram que o
Copom tem de reduzir a taxa, que
está em 26,5%. Outros sete empresários, a maioria do setor financeiro, preferiram não emitir
opinião. O conselho tem ainda 12
representantes do governo, em
um total de 102 membros.
Embora o CDES não tenha poder de decisão, as opiniões nele
expressas deveriam, em tese, ser
levadas em conta por Lula. A enquete, apesar de não refletir a opinião de todos os conselheiros,
mostra que a maioria dos representantes da sociedade civil defende a queda, o que indica uma
tendência do órgão.
Horacio Lafer Piva, presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), defende redução de 1,5 ponto percentual na taxa. "Já está mais do
que na hora de o Brasil testar a experiência de juros mais baixos. Se
não der certo, o Copom pode promover uma reunião extraordinária e aumentar os juros de novo."
A Selic é a taxa de juros que o
governo paga em títulos públicos
pós-fixados. A partir dela são formadas as outras taxas de juros, razão pela qual é chamada de taxa
básica. Juros altos tendem a controlar a inflação, mas inibem a atividade econômica ao encarecer o
crédito à produção e ao consumo.
Desde sua posse, Lula deu sinal
verde para dois aumentos da taxa
Selic, que passou de 25% para
26,5% ao ano. Não deixou, porém, de manifestar desconforto
com essa política. "Acordo e tenho de conviver com o desconforto de ver o meu governo aumentar os juros. Logo eu, que combati
a política de juros altos."
Para Márcio Cypriano, do Bradesco, a queda dos índices de inflação divulgados na última semana permitem uma redução de 0,5
a 1 ponto percentual na Selic.
O sindicalista Antônio Neto,
presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), é
1 dos 5 ouvidos pela Folha que
querem a manutenção da taxa.
Sérgio Haberfeld, presidente da
Dixie Toga e da Amcham (Câmara Americana de Comércio) de
São Paulo, vai na mesma linha:
"[A Selic] não deve baixar agora.
Vamos ter um pico inflacionário
em julho, quando serão reajustadas as tarifas elétricas, congeladas
há seis meses. Isso terá impacto
na inflação anualizada."
A meta do Banco Central para
este ano é uma inflação de 8,5%
-medida pelo IPCA. Esse número dificilmente será atingido, conforme tem admitido a equipe econômica. Até abril, o IPCA já acumulava alta de 6,15%.
A fixação da Selic é tarefa do BC.
Lula e o Ministério da Fazenda
têm procurado demostrar que
não interferem na decisão do Copom, mas o vice-presidente José
Alencar já deu declarações defendendo a baixa nos juros.
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