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ELEIÇÕES 2004
Ministro-chefe da Casa Civil fez campanha para prefeita e visitou dois CEUs na periferia
Ao lado de Marta, Dirceu diz ser contra renegociar dívida
VIRGILIO ABRANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao fazer campanha para Marta
Suplicy (PT), candidata à reeleição em São Paulo, o ministro da
Casa Civil, José Dirceu, se disse
ontem contrário à renegociação
da dívida da cidade com a União,
idéia defendida pela prefeita.
"Há a Lei de Responsabilidade
Fiscal, há contratos, é uma questão que tem que ser discutida
quando o país tiver condições para isso. Minas Gerais quer discutir, Rio Grande do Sul quer, Ceará
quer. Mas nós não podemos romper com a Lei de Responsabilidade Fiscal nem falar em renegociação da dívida. Temos que encontrar soluções criativas."
São Paulo fechou 2003 com uma
dívida de R$ 26,12 bilhões. A cidade destina 13% de sua receita corrente líquida mensal para pagar o
que deve à União.
Dirceu e Marta visitaram, pela
manhã, dois CEUs (Centro Educacionais Unificados) na zona
norte da cidade. Eles cumprimentaram eleitores, e a prefeita apresentou ao ministro a estrutura
dos "escolões". O ministro arriscou alguns passes de vôlei com jovens que praticavam o esporte no
ginásio de um dos CEUs. Também comeu um pedaço de bolo
de morango feito por professoras.
Enquanto caminhava, foi abordado por um homem que se disse
desempregado, lhe entregou um
currículo e pediu trabalho. Dirceu
leu o papel e disse: "Só se for na
iniciativa privada".
Além da questão da dívida, o
ministro contradisse a prefeita em
outra situação: autografou o uniforme de um aluno da escola que
lhe pediu uma assinatura. Momentos antes, Marta havia repreendido o mesmo menino que
também lhe pedira autógrafo.
"Não me peça autógrafo no uniforme, porque o uniforme é uma
coisa sagrada", disse ela.
O mesmo menino constrangeu
Dirceu em outro momento: "Você é que é o primeiro-ministro?",
perguntou. "Não", disse Dirceu.
"Eu sou assessor do presidente."
No resto do tempo, Dirceu se
derramou em elogios a Marta.
"Eu peço voto todo dia para a prefeita. Sou fã (...). Marta é a melhor
prefeita que São Paulo teve. As
obras estão aí, as realizações administrativas, a recuperação das
finanças do município, da capacidade de investimento, da gestão e
da auto-estima da cidade."
O ministro também criticou
"setores da sociedade paulistana"
que não apóiam Marta. "A classe
média de São Paulo, eu quero dizer com franqueza, não tem o que
reclamar da cidade. Eu fico estarrecido de ver setores da sociedade
paulistana que não apóiam a prefeita. Lógico que podem não votar. É um direito democrático.
Agora, não reconhecer o trabalho
que Marta fez em São Paulo."
A candidata petista não quis falar com a imprensa.
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