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OUTRO LADO
BNDES diz ajudar na apuração
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) informou, por meio de sua
assessoria de imprensa, que
acompanha as investigações em
curso relacionadas ao Fundo da
Marinha Mercante e que tem fornecido toda a documentação necessária para o Ministério Público
Federal e para a Polícia Federal.
A assessoria do banco confirmou ainda que o ex-chefe do Denap (Departamento de Navegação Portos e Hidrovias) Miguel
Pedro da Cunha se aposentou e
que o banco não pode comentar
as denúncias contra ele em razão
do caso estar em sigilo de Justiça.
Segundo o BNDES, "no período
entre janeiro de 1995 e fevereiro
de 2002, o estaleiro ETN (Empresa Técnica Nacional S.A.), com sede em Belém, apontado como responsável pelas fraudes, executou
dez projetos financiados pelo
BNDES no âmbito do Fundo da
Marinha Mercante". A assessoria
informou ainda que "outros dois
projetos encontram-se no estaleiro em fase de conclusão".
"O fundo é administrado pelo
Ministério dos Transportes e o
BNDES é o agente financeiro desde 1983, conforme Decreto Lei
2.035, de 21 de junho de 1983", informou a assessoria.
Denap
O ex-chefe do Denap Miguel Pedro da Cunha afirmou, à Agência
Folha, "que o seu cargo não dá
poder de decisão para aprovar a
liberação de recursos" e afirmou
desconhecer a investigação.
"A única instância capaz de
aprovar a liberação de recursos
para os projetos era a diretoria do
BNDES, antes, o projeto passava
pela superintendência. Além disso, eu nem sabia que estava sendo
investigado", disse.
Cunha admitiu ser amigo do
proprietário da ETN Carlos Alberto Câmara de Souza Júnior,
mas negou que tenha feito viagens ou recebido presentes dos
donos do estaleiro.
"Sou amigo dele [Câmara Júnior] do mesmo jeito que sou
amigo de outros diversos empresários do setor marítimo. Sempre
faço viagens para o exterior, mas
sempre com o meu dinheiro".
Miguel Pedro da Cunha trabalhou durante 28 anos no banco e
diz ter se aposentado em abril
deste ano por tempo de serviço.
"A minha aposentadoria não teve
relação com as denúncias, pois tenho 36 anos de profissão, sendo
28 dentro do BNDES".
Ele ainda colocou a disposição
da Justiça para as investigações
todos o seu sigilo bancário, fiscal e
telefônico. "Quem contrata a ETN
são empresas privadas. Não há
nenhuma irregularidade, meus sigilos estão todos disponíveis",
disse Cunha.
O advogado da empresa ETN,
Edson Messias, afirmou que as
denúncias são frutos de interesses
empresariais concorrentes e que
hoje estão falidos no setor de navegação. "Estamos acompanhando as investigações com cautela e
tranquilidade. É um caso em que
as investigações correm sob sigilo", disse o advogado.
Messias, que também defende o
ex-senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) no caso Sudam, criticou o trabalho que o Ministério
Público Federal está realizando
nesta investigação.
"Até onde sei, até agora não foi
apurado nada de importante, mas
uma espécie de ânsia punitiva tomou conta do Ministério Público
Federal", disse.
Procurado pela Agência Folha,
o procurador da República Ubiratan Cazetta, que investiga o caso,
preferiu não comentar as apurações alegando que o processo está
sob sigilo de Justiça.
(MS)
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