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SABATINA
Em entrevista à Folha, candidato distorceu dados sobre investimento em universidades e criação de empregos
Números oficiais contestam Garotinho
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de criação de empregos
em projeto de irrigação rural e os
dados de investimentos nas universidades estaduais apresentados anteontem pelo candidato do
PSB à Presidência, Anthony Garotinho, durante a sabatina na série "Candidatos na Folha", foram
contestados por dados oficiais.
Em três anos e três meses de governo no Rio de Janeiro, Garotinho disse ter criado 20 mil empregos no programa Frutificar (de
agricultura irrigável), investido
R$ 100 milhões na Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e outros R$ 40 milhões em
laboratórios da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Segundo atual coordenador do
Frutificar, Ronaldo Salek, o Frutificar criou apenas 4 mil empregos,
e não 20 mil.
O Estado investiu R$ 25,6 milhões no programa entre 2000 e
2002. Os recursos foram repassados para 451 pequenas empresas
interessadas em investir em abacaxi e maracujá nas regiões do
Norte e Noroeste fluminense.
Pelo contrato, o empréstimo deveria ser pago na venda da colheita. "Hoje, nós podemos dizer que
90% dessas empresas estão inadimplentes", afirmou Salek.
Os investimentos na Uenf também não são verdadeiros. Dados
da Fenorte (Fundação Estadual
do Norte Fluminense), responsável até 2001 pela administração do
campus da universidade, e da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio) mostram
que foram destinados à instituição R$ 68 milhões nos três anos
de governo Garotinho no Estado,
e não R$ 100 milhões.
Garotinho também distorceu os
dados em relação aos investimentos na Uerj. Em nota, a reitoria
disse que, entre janeiro de 1999 e
março de 2002, foram aplicados
na universidade R$ 23,3 milhões,
e não R$ 40 milhões.
Deste total, apenas R$ 1,6 milhão vieram, de fato, do Tesouro
estadual. O restante são recursos
próprios da universidade e obtidos por meio de convênios.
Na sabatina, Garotinho disse
ainda que revitalizou a indústria
naval no Estado, gerando 18 mil
novos empregos no setor. Boletim de 30 de julho deste ano do Sinaval (Sindicato Nacional dos
Construtores da Indústria Naval),
porém, informa que foram gerados 10 mil empregos diretos no
setor em 2002.
O empresário Augusto Mendonça, do Fels-Cetal S.A, um dos
maiores estaleiros do Rio, acredita, porém, que Garotinho tenha
incluído na sua contabilidade os
empregos indiretos. Mesmo assim, o número de empregos registrados em 2002 significa apenas
um quarto do total de postos criados em 1979 (auge de construção
naval do Estado): 40 mil.
Relatório
O ex-secretário executivo do Estado Luiz Rogério Magalhães
contestou os dados. Ele disse que
tem relatório detalhado dos investimentos do governo que comprovariam que o ex-governador
está correto. "Só pode ser piada
afirmar que o Frutificar criou apenas 4 mil empregos", afirmou.
Magalhães disse que não poderia passar cópia de seu relatório,
porque estava em campanha em
Friburgo (região serrana). Ele é
candidato a deputado federal pelo
PSB do Rio.
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