|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Escritor é showman dos tucanos
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de pílulas de auto-ajuda
ilustrada -com diálogos de Sócrates, garfadas no Platão de "O
Banquete" e parábolas zen-budistas-, o palestrante começa a cantar "A Noite do Meu Bem", canção famosa de Dolores Duran. A
platéia se comove, "baba", como
soprou, quase em transe, uma
professora para outra.
O animador do auditório é Gabriel Chalita, 33, 34 livros publicados, secretário de Educação de
São Paulo, espécie de conselheiro
intelectual do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e da primeira-dama Lúcia Alckmin.
A fertilidade editorial de Chalita, doutor em comunicação e semiótica pela PUC de São Paulo,
rendeu volumes sobre filosofia,
direito e educação. É um sucesso
nas prateleiras de auto-ajuda a trilogia "O livro dos amores", "O livro dos sonhos", "O livro do Sol".
Prestigiado na gestão Alckmin,
foi secretário da Juventude, Esporte e Lazer, é conselheiro do
Fundo Social de Solidariedade e
coordena o programa Universidade Cidadã. Entrou no lugar de
Rose Neubauer na Educação.
Chalita é show, como dizem
seus colegas de trabalho. Na quarta-feira, a Folha acompanhou
uma das suas palestras, em Joanópolis, cidade conhecida no folclore como a "capital do lobisomem", a 115 km da capital.
No encontro com cerca de 500
estudantes e funcionários da área
de educação, o secretário tratou
do afeto como método de ensino,
tema da sua última obra. Com jeito, deu bronca nas professoras
ranzinzas e na falta de amor pelo
ofício. Comparou a relação com
os alunos a um casamento: "No
começo, deitam na grama, olham
para a Lua e recitam sonetos.
Anos depois ficam lá no sofá, vendo Domingão do Faustão".
Chalita fala do trabalho do governo Alckmin e não pede votos.
Mas os eventos acabam impregnados pelo clima eleitoral, como
em Pindamonhagaba, há dez
dias. O prefeito da cidade natal do
governador, Vito Ardito (PSDB),
pregou pela reeleição do tucano
em encontro com educadores.
O prestígio de Chalita no governo empolgou também o prefeito
de Joanópolis, Ari Cardoso (PFL),
que elogiou a gestão Alckmin em
palestra do secretário na cidade.
O show de Chalita, no entanto,
encobriu qualquer possibilidade
de gesto eleitoreiro para a platéia.
Foi um frenesi o momento em
que cantou. "Esta música é cheia
de metáforas, peço que vocês se
levantem ao ouvir o verso que
mais gostarem", recomendou.
"Hoje eu quero a rosa mais linda que houver", entoou o sucesso
de Dolores Duran. "E a primeira
estrela que vier/ Para enfeitar a
noite do meu bem". A cada verso,
uma "ola" tomava conta do pátio
do colégio de Joanópolis.
(XICO SÁ)
Texto Anterior: Outro lado: Chalita diz investir em professores Próximo Texto: Evento: Fernando Morais abre sabatina da Folha com candidatos de SP Índice
|