São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

O elo Delúbio-Bejani

Carlos Alberto Bejani, que acaba de renunciar à Prefeitura de Juiz de Fora em meio a um escândalo de corrupção, foi o beneficiário de R$ 750 mil dos R$ 4 milhões que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, recebeu do caixa dois do PT para financiar candidatos petebistas nas eleições municipais de 2004. "Está registrado nas minhas anotações", afirma o deputado cassado. "Foram R$ 750 mil para o Bejani." É a primeira vez que Jefferson aponta um dos destinatários dos R$ 4 milhões, fruto de acordo firmado com o presidente do PT à época, José Genoino, e operado pelo então tesoureiro do partido, Delúbio Soares.
Ainda que de forma mais modesta, o PT também contribuiu com Bejani no caixa-um. Foram R$ 82 mil.



Último caso. Se porventura os tucanos partidários da aliança com Gilberto Kassab (DEM) prevalecerem neste domingo, os alckmistas têm uma carta na manga para manter a candidatura do ex-governador: o artigo 3º da resolução eleitoral do partido, datada de 25 de março, que permite à Executiva Nacional anular o resultado da convenção municipal se for caracterizada "desobediência".

SP-BH. Às 23h de terça, tocou o celular de um paulistano. Do outro lado, o interlocutor se identificou: "Aqui é o soldado Alves, do Palácio das Mangabeiras. É o governador Aécio Neves retornando a ligação do governador Geraldo Alckmin". O paulistano então esclareceu que se tratava de engano. Isso foi no dia em que os kassabistas entregaram as assinaturas para a convenção.

No ar. A ameaça da inflação é tema do programa de TV tucano hoje, com o bordão "O PSDB plantou, o Brasil colheu". Falam José Serra e Aécio Neves, além do presidente da sigla, Sérgio Guerra, e dos líderes no Congresso.

Índex. Já os governadores Yeda Crusius (RS), às voltas com o escândalo do Detran, e Cássio Cunha Lima (PB), ameaçado de perder o mandato, são só citados pelo locutor.

Karatê Kid. Garibaldi Alves (PMDB-RN) se esforçou para seguir à risca o protocolo da visita de Naruhito ao Congresso. Falou baixinho e imitou os gestos do príncipe até para ajeitar o cabelo.

Fumaça branca 1. Em reunião ontem à noite em São Paulo, os partidos do "bloquinho" (PC do B, PSB, PDT e PRB) decidiram abrir negociação formal com o PT para apoiar Marta Suplicy já no primeiro turno da eleição. Na manhã de hoje haverá reunião dos dirigentes das quatro siglas com seu pré-candidato Aldo Rebelo, que será o nome apresentado para ocupar o posto de vice de Marta.

Fumaça branca 2. A aliança deixará Marta com o segundo maior tempo de TV da disputa paulistana, menor apenas que o de Kassab.

Penitência. O Ministério do Esporte, nas mãos do PC do B, assinou convênio de R$ 400 mil para realizar um evento com a Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro. A parceria é interpretada como um pedido de trégua à Igreja, que em 2006 fez campanha aberta contra Jandira Feghali em razão de sua defesa da legalização do aborto.

Quero falar 1. O presidente da Associação dos Trabalhadores do Grupo Varig, comandante Enio Borges Malheiros, procurou ontem a bancada tucana no Senado. Pediu para ser ouvido a respeito da venda da empresa. Ele representa o grupo que havia arrematado a Varig em leilão, mas não depositou as garantias e perdeu o negócio.

Quero falar 2. Malheiros, que teve o convite para depor aprovado pelos senadores, dirá que, desde o primeiro leilão, havia um acerto para que a VarigLog ficasse com a Varig. Por essa razão, segundo ele, a Justiça teria pressionado para inviabilizar o negócio pelo qual os funcionários arrematariam a empresa.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Impressiona o sumiço do presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, no momento em que seu partido vive tantas crises."

Do deputado estadual ÊNIO TATTO (PT-SP), sobre a refrega entre alckmistas e kassabistas em São Paulo, os apuros de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul e as denúncias do caso Alstom.

Contraponto

Café literário

Chico Alencar (PSOL-RJ) discursava na tribuna da Câmara, dias atrás, quando, num lapso, chamou os colegas de "vereadores" e ouviu protestos no plenário.
-É que estou com a cabeça na eleição. E, afinal, "quem quer ser universal que cante a sua aldeia'!
-Alexandre Dumas...-, notou Ciro Gomes (PSB-CE).
-Há controvérsia. A frase já foi atribuída a Tolstoi e a Fernando Pessoa-, rebateu Alencar.
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), entrou em cena para encerrar o debate:
-Eleição tem tanta controvérsia... Mas pelo menos a gente aprende um pouco de literatura!


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