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Ministro vê crescimento robusto de jornais
Em congresso da Associação Nacional de Jornais, Miguel Jorge diz que "grandes títulos na internet são os mesmos dos impressos no Brasil"
Ele ressalta que o cenário do mercado do Brasil é distinto do visto nos EUA, onde a circulação está em queda; aqui, cresceu 11,8% em 2007
DA REPORTAGEM LOCAL
Os jornais impressos no Brasil e a indústria jornalística como um todo devem crescer de
forma robusta nos próximos
anos, acompanhando de perto
as atuais perspectivas promissoras da economia brasileira.
Nesse trajeto, são as grandes
empresas da área já constituídas que devem tirar maior proveito das novas mídias que forem surgindo, como vem ocorrendo com a internet.
A previsão otimista sobre o
mercado de jornais impressos
no Brasil foi apresentada ontem pelo ministro Miguel Jorge
(Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior) e outros
participantes no 7º Congresso
Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais).
Com recorde de 773 inscritos, a atual edição do CBJ, que
terá mais um dia de discussões
hoje em São Paulo, tem como
tema central "O Brasil e a Indústria Jornalística em 2020".
Miguel Jorge, que trabalhou
por duas décadas como jornalista, utilizou dados demográficos e de investimentos previstos em várias áreas para sustentar uma previsão de forte aumento na circulação de jornais
no Brasil nos próximos anos -a
exemplo do que já vem ocorrendo desde 2004.
De acordo com ele, o mercado de mídia impressa no Brasil
apresenta um cenário totalmente distinto do que ocorre
nos Estados Unidos, país onde
a circulação de jornais vem
caindo sistematicamente há
vários anos.
No Brasil, a circulação de jornais cresceu 0,8% em 2004,
4,1% em 2005, 6,5% em 2006 e
11,8% em 2007. No primeiro semestre deste ano, o aumento
foi superior a 8%.
Classe C
"Em 2020, seremos aproximadamente 210 milhões de
brasileiros. Isso significa 23 milhões de pessoas a mais. Metade da população terá mais de 32
anos. A renda per capita média
será de cerca de R$ 21 mil, bem
maior que os cerca de R$ 13,5
mil atuais", disse.
O ministro também projeta
um crescente aumento da chamada classe C no Brasil (ela já
corresponde a 51,8%), a continuidade do crescimento do emprego formal e uma elevação no
índice de escolaridade.
Todos esses fatores carregam
perspectivas positivas, segundo
ele, em relação ao aumento da
circulação de jornais.
Do ponto de vista do faturamento das empresas jornalísticas, Miguel Jorge afirmou que
uma série de investimentos do
setor privado e a expansão do
crédito, especialmente nos
mercados imobiliário e automotivo, devem contribuir para
ampliar o tamanho do negócio
dos jornais.
O ministro também previu
que as novas mídias eletrônicas
continuarão convergindo para
as grandes empresas jornalísticas. "Os grandes títulos na internet hoje são os mesmos dos
grandes títulos impressos no
Brasil", disse ele.
"Há uma conclusão óbvia: a
indústria jornalística em 2020
refletirá o Brasil de 2020. Será
mais forte, melhor, mais competitiva e, como tem feito até
aqui, se apropriará de maneira
efetiva das novas mídias."
Momento
Ex-presidente da ANJ, Nelson Sirotsky (ele deixou o cargo
ontem) também ressaltou "o
momento positivo" da indústria jornalística, mas lamentou
o fato de ser "pequeno" o número de jornais no país hoje filiados ao IVC (Instituto Verificador de Circulação).
Sirotsky afirmou que o Brasil
tem atualmente 3.000 jornais,
sendo 500 títulos diários. E que
a ANJ representa 137 empresas, que detêm juntas 90% da
circulação diária.
Sirotsky ressaltou que,
no ano passado, os jornais conquistaram uma fatia de 16,4%
do bolo publicitário no país, um
crescimento de 15% em relação
a 2006.
Em seminário paralelo, Rosenthal Calmon Alves, diretor
do Knight Center for Journalism in the Americas, da Universidade do Texas (EUA),
ponderou que a internet continua se colocando como um desafio para os jornais impressos.
Segundo ele, os jornais impressos estão diante de uma
grande revolução.
Mas, afirma, podem se sair
bem se souberem se adaptar
aos novos tempos.
"Os jornais e as suas grandes
marcas devem tomar de assalto
a internet e construir um "mix"
inseparável entre suas edições
em papel e suas plataformas digitais", disse.
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