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Polícia Federal faz nova retirada de plantação de maconha da área
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CABROBÓ (PE)
Numa operação realizada pelas
polícias Federal e Militar, no último dia 10, foram erradicados 378
pés de maconha de duas ilhotas
do arquipélago de Assunção, na
reserva dos índios trukás.
A Agência Folha acompanhou a
ação. Por segurança, os repórteres
usaram coletes à prova de bala.
Segundo a PF, os pés de maconha indicam que os índios voltam
a plantar logo em seguida ao fim
das operações e que dificultam cada vez mais o acesso dos policiais
às lavouras. Há pouco mais de um
mês, a PF erradicou 74.954 pés e
apreendeu 394,5 kg de maconha
em vários pontos da ilha.
A PF diz que os índios ganham
R$ 0,20 por quilo de cebola (principal cultura da região) e R$ 100
por quilo de maconha.
Armados com fuzis e metralhadoras, os policiais iniciaram a
operação às 11h, partindo da ponte de Cabrobó.
Sem helicóptero, os policiais federais da delegacia de Salgueiro
-responsável pelas investigações
do Polígono da Maconha- contaram com o apoio da 2ª Companhia Independente da PM.
Sob um sol escaldante, numa
voadeira (barco rápido), os policiais margearam a ilha pelo rio
São Francisco. Índios que, segundo a PF, atuam como seguranças
dos traficantes nas plantações foram vistos fugindo.
Numa área de difícil acesso próxima à aldeia Pambuzinho, os policiais decidiram abrir uma frente
de erradicação, às 12h20.
Como a mata é muito fechada e
alagada, foi preciso fazer picadas,
passar por debaixo de troncos caídos e plantas com espinhos para
encontrar as lavouras a cerca de
150 m da margem do rio.
A plantação encontrada já estava com um mês e meio, e alguns
pés estavam no ponto de colher
com mais de 1,5 m. "Apesar das
operações, continua tendo uma
incidência de plantações na ilha e,
para erradicar tudo, são necessárias operações permanentes", disse o agente da PF Rogério Matos.
Para o comandante da 2ª Companhia Independente da PM em
Cabrobó, capitão José Mário de
Araújo, a solução para o conflito
na reserva indígena passa pela
presença do Estado na área.
A polícia diz ter informações de
que os índios traficantes estariam
usando a reserva para o tráfico de
armas. "Eles [os índios traficantes" têm armamento pesado e importado, pouco comum nos organismos policias, e usam a reserva,
pelo seu difícil acesso, como esconderijo", disse capitão Araújo.
Depois da operação, os policiais
seguiram para a aldeia de Pambuzinho, onde o cacique truká Ailson dos Santos, o Isô, conversou
com a reportagem. Antes de chegar ao local, ele passou pelo lugar
onde foram assassinados dois índios no último dia 29. "Eu sei que
a qualquer momento eu posso
morrer, mas espero que as autoridades se importem com esse problema para ajudar e garantir a integridade do meu povo", disse
Isô, que se diz jurado de morte e
evita ficar na reserva.
(KB)
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