São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Ordem na casa

Na esteira do afastamento de Protógenes Queiroz da condução dos inquéritos derivados da Operação Satiagraha, o governo vai esperar a volta de férias do diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para adotar medidas que mostrem à ala rebelde da corporação que "os tempos serão outros". "Há uma disputa por grupos, e desse jeito não pode mais ficar", resume um ministro. Além do manejo da crise, o ministro Tarso Genro (Justiça) discutiu com Lula ao longo da semana um esboço de normas de conduta para tentar "unificar" as ações da PF. O governo vai reforçar a necessidade de "normalização institucional", com demonstrações como a reunião conjunta com o presidente do STF, Gilmar Mendes, na semana passada.



Cão farejador. Um profundo conhecedor das facções internas da Polícia Federal avalia que o acirramento das disputas internas é perigoso porque incentiva um crescente "sebastianismo" em torno do ex-diretor da corporação Paulo Lacerda, atualmente no comando da Abin.

Quem pariu... Dilma Rousseff foi uma das mais incisivas ao defender que o delegado Protógenes Queiroz deveria ser instado a concluir o inquérito da Operação Satiagraha. Para a ministra da Casa Civil, o trabalho de investigação tem várias inconsistências, e os responsáveis deveriam ficar para responder por elas, e não posar de vítimas.

Elo fraco. Os delegados da Satiagraha pediram a prisão de Rodrigo Bhering de Andrade sob a justificativa de que ele era "laranja" do Opportunity. A leitura atenta do relatório mostra, no entanto, que a Polícia Federal via o executivo como alguém que poderia dar um testemunho-bomba, pois estaria "descontente" pelo fato de ser chamado constantemente a depor em processos envolvendo o grupo.

Currículo. Numa das escutas da operação, o publicitário Guilherme Sodré pede ao ex-deputado petista Sigmaringa Seixas (DF) para ajudar o advogado Márcio Costa a assumir uma cadeira no Tribunal Regional Eleitoral do Rio. E justifica: "Ele sabe usar muito bem o cargo fazendo lobby".

Na rede. O ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh virou alvo de protestos no blog que mantém sobre suas atividades. "Vc [sic] defenderia um torturador? Defenderia? Crime financeiro também mata. É tão cruel quanto a tortura... sempre votei em ti!", diz um dos que comentários postados.

Vingança. Parte da bancada petista na Câmara, sacadores do valerioduto à frente, não escondeu uma pitada de satisfação ao ver o nome do colega José Eduardo Cardozo (SP), que sempre usou o discurso da ética no partido, citado no caso Daniel Dantas.

Esqueleto 1. A falsificação de um contrato para incineração de lixo com a empreiteira Heleno e Fonseca causou prejuízo de R$ 686 mil aos cofres paulistanos em 2001, na gestão de Marta Suplicy (PT), diz o TCM. Os conselheiros do tribunal recomendam que a prefeitura vá à Justiça para tentar recuperar o dinheiro.

Esqueleto 2. O TCE julgou irregular o convênio entre o governo paulista e um centro esportivo administrado por Chiquinho Pereira, presidente do Sindicato dos Padeiros e cabo eleitoral da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura. Os problemas ocorreram de 2001 a 2005, na gestão do ex-governador.

Fantasma. A oposição a Gilberto Kassab (DEM) na Câmara Municipal terá uma reunião esta semana com o promotor José Carlos Blat sobre o achaque a camelôs na gestão do prefeito. A estratégia é manter o assunto ""máfia dos fiscais", que teve seu apogeu no governo Celso Pitta (1997-2000), vivo com uma CPI a partir de agosto.

com SILVIO NAVARRO e CONRADO CORSALETTE

Tiroteio

"Quando a crise atinge o governo ou o PT, a saída é sempre de culpar os outros. Só que as palavras do ministro Tarso só pioraram a confusão."

Do senador SÉRGIO GUERRA (PE), presidente do PSDB, sobre a afirmação do ministro da Justiça de que o relatório da Operação Satiagraha demonstra "instabilidade" e parece "uma peça ético-filosófica".

Contraponto

Lei seca

Os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), e do Senado, Garibaldi Alves (PMDB), foram convidados para a solenidade de sanção da lei que criou o piso nacional do professor, na quinta-feira, no Palácio do Planalto.
Primeiro a discursar, Chinaglia se empolgou:
-Estou embriagado de alegria pela aprovação desta lei!
Na seqüência, Garibaldi repetiu o colega da Câmara:
-Quero dizer que também estou embriagado de alegria.
Ao abrir sua fala, Lula não resistiu e comentou:
-Vejam a diferença de ser presidente e não ser parlamentar. É que se eu falar que estava embriagado, a manchete é: "Lula confessa que estava embriagado". Então, eu não posso nem brincar com isso.


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