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Especialistas divergem sobre a interação entre jornal e internet
DA REPORTAGEM LOCAL
O painel de encerramento do
7º Congresso Brasileiro de Jornais, que teve como tema "O
Brasil e a indústria jornalística
em 2020", trouxe visões divergentes sobre o futuro do jornalismo impresso e a necessidade
de mudanças radicais na área
para o futuro.
De um lado, mais pessimistas
e pregando alterações mais
profundas que integrem a mídia impressa e eletrônica, ficaram os norte-americanos, cujo
mercado registra repetidas
quedas na circulação e no faturamento publicitário.
De outro, os brasileiros e um
representante espanhol, Javier
Errea, presidente da Society for
News Design, e responsável pela reforma gráfica e modernização de dezenas de jornais em
todo o mundo.
Ao contrário do que ocorre
nos Estados Unidos, vários países emergentes vêm experimentando um forte aumento
na circulação de jornais. No
Brasil, a alta tem sido constante
desde 2004, acompanhada de
recuperação no faturamento.
Também no caso do Brasil,
alguns dos maiores provedores
de conteúdo de notícias e informações na internet já pertencem a grandes grupos de comunicação que têm jornais.
Earl Wilknson, diretor-presidente da norte-americana
INMA (International Newsmedia Marketing Association),
acredita que, para crescer, as
empresas jornalísticas terão de
se tornar "companhias multimídia de administração de conteúdo", com forte participação
da internet no negócio.
Wilknson reconhece, no entanto, que, apesar de toda a discussão sobre o futuro da internet no jornalismo, enquanto as
empresas nos EUA faturam
US$ 10 com suas operações em
meios impressos, apenas US$ 1
é gerado na mídia eletrônica.
Visão semelhante de ampliar
o espaço dos meios eletrônicos
foi colocada por John Wilpers,
consultor da empresa Inovation (EUA). Ele prega um aumento da interação entre jornais e seus leitores a partir da
proliferação de blogs. Wilpers
chegou a defender que os leitores possam vir a atuar como
"repórteres" para os jornais a
fim de ampliar a "cobertura local" dessas publicações.
Valores dos jornais
O brasileiro Rosental Calmon Alves, que há anos leciona
e estuda jornalismo nos EUA à
frente do Knight Center for
Journalism in the Americas, no
Texas, acredita que as transformações na próxima década serão muito mais profundas para
o jornalismo do que nos últimos 200 anos.
"A cada momento de risco
para o negócio nos últimos
anos, os jornais se transformaram e continuaram sendo jornais. Agora, terão de se transformar em outra coisa, mas terão de levar os valores dos jornais nessa nova direção", disse.
Já o espanhol Errea disse
acreditar que a prioridade do
jornalismo "será sempre a mesma: colocar o jornalismo no coração do negócio".
"Muitas empresas estão
atrás de propostas maravilhosas sem que tenham atacado o
problema básico. Fala-se muito
em tecnologia, quando o foco é
apresentar o bom jornalismo
de maneira cada vez mais interessante. Em um mundo em
que há tanta gente opinando, o
que falta é alguém que filtre."
Em suas palavras de encerramento do congresso, a nova
presidente da ANJ, Judith Brito, diretora-superintendente
do Grupo Folha, foi na mesma
direção. "A informação de qualidade e de credibilidade é o
nosso negócio e o grande patrimônio", afirmou ela.
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