São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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Especialistas divergem sobre a interação entre jornal e internet

DA REPORTAGEM LOCAL

O painel de encerramento do 7º Congresso Brasileiro de Jornais, que teve como tema "O Brasil e a indústria jornalística em 2020", trouxe visões divergentes sobre o futuro do jornalismo impresso e a necessidade de mudanças radicais na área para o futuro.
De um lado, mais pessimistas e pregando alterações mais profundas que integrem a mídia impressa e eletrônica, ficaram os norte-americanos, cujo mercado registra repetidas quedas na circulação e no faturamento publicitário.
De outro, os brasileiros e um representante espanhol, Javier Errea, presidente da Society for News Design, e responsável pela reforma gráfica e modernização de dezenas de jornais em todo o mundo.
Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, vários países emergentes vêm experimentando um forte aumento na circulação de jornais. No Brasil, a alta tem sido constante desde 2004, acompanhada de recuperação no faturamento.
Também no caso do Brasil, alguns dos maiores provedores de conteúdo de notícias e informações na internet já pertencem a grandes grupos de comunicação que têm jornais.
Earl Wilknson, diretor-presidente da norte-americana INMA (International Newsmedia Marketing Association), acredita que, para crescer, as empresas jornalísticas terão de se tornar "companhias multimídia de administração de conteúdo", com forte participação da internet no negócio.
Wilknson reconhece, no entanto, que, apesar de toda a discussão sobre o futuro da internet no jornalismo, enquanto as empresas nos EUA faturam US$ 10 com suas operações em meios impressos, apenas US$ 1 é gerado na mídia eletrônica.
Visão semelhante de ampliar o espaço dos meios eletrônicos foi colocada por John Wilpers, consultor da empresa Inovation (EUA). Ele prega um aumento da interação entre jornais e seus leitores a partir da proliferação de blogs. Wilpers chegou a defender que os leitores possam vir a atuar como "repórteres" para os jornais a fim de ampliar a "cobertura local" dessas publicações.

Valores dos jornais
O brasileiro Rosental Calmon Alves, que há anos leciona e estuda jornalismo nos EUA à frente do Knight Center for Journalism in the Americas, no Texas, acredita que as transformações na próxima década serão muito mais profundas para o jornalismo do que nos últimos 200 anos.
"A cada momento de risco para o negócio nos últimos anos, os jornais se transformaram e continuaram sendo jornais. Agora, terão de se transformar em outra coisa, mas terão de levar os valores dos jornais nessa nova direção", disse.
Já o espanhol Errea disse acreditar que a prioridade do jornalismo "será sempre a mesma: colocar o jornalismo no coração do negócio".
"Muitas empresas estão atrás de propostas maravilhosas sem que tenham atacado o problema básico. Fala-se muito em tecnologia, quando o foco é apresentar o bom jornalismo de maneira cada vez mais interessante. Em um mundo em que há tanta gente opinando, o que falta é alguém que filtre."
Em suas palavras de encerramento do congresso, a nova presidente da ANJ, Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, foi na mesma direção. "A informação de qualidade e de credibilidade é o nosso negócio e o grande patrimônio", afirmou ela.


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