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OUTRO LADO
Reuniões são fora do expediente, diz coordenador
DO ENVIADO ESPECIAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O coordenador estadual do
Programa de Segurança Alimentar do governo de Mato
Grosso do Sul, Neriberto Pamplona, 41, disse que reuniões de
funcionários do órgão com a
população carente, para pedir
votos a candidatos do PT, têm
sido feitas "a pedido dos moradores" e fora do horário de expediente, que vai das 7h às 13h.
Pamplona disse que ele próprio participa de alguns desses
encontros, nos quais são pedidos votos para petistas. "Eu sou
informado de todas as reuniões
políticas." Ele disse que os nomes anotados nos encontros
são de famílias "em extrema necessidade", só atendidas após a
comprovação da gravidade do
caso e autorização judicial.
Segundo ele, os nomes e endereços anotados na reunião do
bairro Monte Castelo, que foi
acompanhada pela Folha, "vão
entrar na fila dos cadastros normalmente", para serem analisados, e as cestas de alimentos, se
forem liberadas, só chegarão às
famílias depois das eleições.
Um decreto do governador
Zeca do PT de 21 de agosto último veda a inclusão de novas famílias no programa até novembro. Pamplona disse que as palestras servem para o programa
se contrapor ao que chama de
"terrorismo da oposição". Segundo ele, foram espalhados
boatos de que o programa seria
encerrado.
"As famílias são muito humildes, qualquer coisa que se fala,
elas acreditam", disse. "Agora,
nós vamos ficar quietos?"
O coordenador não vê problema se "uma funcionária" do
programa anota nomes e endereços de pessoas. "Fora do horário de expediente, ela pode fazer
o que quiser", disse.
Isabel Alvarenga, coordenadora do PSA em Campo Grande
que pediu votos a Lula e Zeca na
reunião em Monte Castelo, disse que a anotação das famílias
ocorreu "em um ou outro caso,
porque são famílias que depois
não vamos ter como localizar".
"Esclarecimentos"
Segundo Isabel, a reunião foi
para dar "esclarecimentos" às
famílias. A dona da casa onde
houve o encontro, de acordo
com ela, é "militante do PT".
"A gente vai lá trabalhar com a
consciência, [falar sobre" o que
era o governo antes do Zeca e o
que é o governo depois do Zeca", disse Isabel.
"Depois do meu horário de
trabalho, eu tenho liberdade para fazer o que quiser", defendeu.
Questionada por que não deixou claro às famílias que estava
no bairro na condição de militante, e não na de coordenadora
do programa de cestas básicas,
ela disse que "deixou claro".
Lembrada de que se apresentou,
na palestra, como "coordenadora do Programa de Segurança
Alimentar", ela reconheceu ter
agido assim.
Isabel defendeu o "direito" de
"dar informações às famílias",
porque "um monte de boatos"
estaria sendo espalhado contra
o programa.
Segundo ela, "as pessoas achavam que o Zeca ia ser reeleito"
no primeiro turno. "Ele não foi,
então agora as pessoas [militantes do PT" estão tomando uma
atitude, porque a compra de votos está muito grande. Isso é que
é crime", afirmou.
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