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ADMINISTRAÇÃO
Secretário-adjunto do Tesouro Nacional afirma acreditar que candidato petista manterá compromissos se eleito
Mercado desconfia de Lula injustamente, diz Sardenberg
Epitacio Pessoa/Agência Estado
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O secretário-adjunto do Tesouro Nacional Rubens Sardenberg |
JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-adjunto do Tesouro Nacional Rubens Sardenberg
avalia que o candidato do PT ao
Palácio do Planalto, Luiz Inácio
Lula da Silva, tem sido tratado
com desconfiança pelo mercado
"injustamente".
Homem de frente do ministro
Pedro Malan (Fazenda) na administração da dívida interna em títulos federais, Sardenberg, 59,
disse à Folha que Lula já reafirmou o compromisso em manter
os principais parâmetros da atual
política econômica.
Para ele, caso o novo governo
não faça nenhuma "loucura", encontrará espaço para ir ao mercado e continuar renovando a dívida interna -o grande temor do
mercado é que o governo não
consiga rolar os títulos. O secretário-adjunto enfatizou que a situação da dívida é manejável.
Em entrevista concedida anteontem, ele disse que, se Lula, caso vença a eleição, confirmar os
compromissos assumidos, o mercado deve voltar à normalidade.
Folha - O governo vem encontrando dificuldade para rolar a dívida cambial? Qual a sua avaliação
sobre isso?
Rubens Sardenberg - Nós estamos, provavelmente, na pior
combinação possível em termos
de "timing". Estamos enfrentando toda essa crise externa e praticamente no ápice do processo
eleitoral. A gente tem um candidato de oposição que... Eu quero
dizer com muito cuidado porque
não quero fazer nenhum juízo de
valor... O fato é que o candidato
de oposição tem 60% das intenções de voto e é um candidato visto com mais desconfiança. Eu
acho até, na minha avaliação pessoal, que injustamente, porque ele
reafirmou os compromissos [em
manter os parâmetros da política
econômica". O fato é que há uma
espécie de desconfiança com relação ao cumprimento desses compromissos. As pessoas estão esperando para ver se ele de fato vai
manter essa linha, que eu acho
que é o que vai acontecer. Mas há
essa incerteza. Mesmo no meio de
todo esse processo a gente [Tesouro" vem conseguindo fazer
emissões de títulos públicos.
Folha - Por quanto tempo o senhor acha que essa situação vai
permanecer?
Sardenberg - Eu imagino que
passada a eleição, se for o José Serra [PSDB" o vencedor, evidentemente que ele já disse que o Armínio [Fraga, presidente do Banco
Central" permanece... Enfim, essa
incerteza diminui.
Se o Lula for o vencedor, acho
que a partir do momento que ele
confirmar esses compromissos,
que eu estou acreditando que é o
que ele vai fazer, eu tenho a impressão de que tem tudo para que
o mercado volte à normalidade.
Não no dia seguinte, evidentemente, mas que volte gradualmente a um quadro de relativa
normalidade.
Folha - O novo governo pode encontrar um cenário muito desfavorável para rolar a dívida, principalmente, se for um governo Lula, que
chega com uma certa desconfiança
do mercado?
Sardenberg - Nesse ambiente
que estamos tendo agora, de final
de governo, no meio de toda essa
incerteza, o Tesouro vem encontrando espaço para fazer essas colocações [vender títulos da dívida
no mercado". Partindo do pressuposto que o novo governo não vá
fazer nenhuma loucura, reafirme
os compromissos, a pergunta que
eu faço é: qual a razão para que o
novo governo não encontre espaço para fazer as colocações? Honestamente, não vejo razão.
Folha - Como o senhor avalia as
posições de alguns analistas sobre
a dificuldade do governo em pagar
a dívida?
Sardenberg - No nosso caso, especialmente quando se fala de dívida interna, o fato que vem acontecendo ao longo desses meses
mostra que temos um mercado
constituído. Os tomadores são locais. São os fundos [de investimentos", os bancos, os investidores, os fundos de pensão. Esses
são os detentores da dívida. Eles
estão aqui no Brasil. A poupança
deles está em reais. De uma maneira ou de outra essas pessoas estão aplicando em títulos. Encurta-se o prazo, muda-se o tipo de produto. Mas estão aqui aplicando
seus recursos.
Quem eventualmente faz discussão em torno de dívida do Brasil está, digamos assim, fazendo
uma confusão com relação a situação daqui com a de outros países. Não temos dívida em dólar,
nossa dívida é dolarizada, mas
não é em dólar. O cara não recebe
em dólar, recebe em reais. A nossa dívida é detida pelos investidores locais, não são investidores estrangeiros.
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