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Lula chama estudantes ricos de "babacas"
Presidente também usa mesmo adjetivo para classificar críticos do Prouni, que ele considera uma "revolução" na educação
"Governo para todos. Mas se
tiver 1 bife, não tem 1 filho
mais bonito que vai comer
sozinho. Todos vão dar uma
lambidinha", diz o petista
LETÍCIA SANDER
ENVIADA A JUAZEIRO DO NORTE (CE)
Em um discurso inflamado
durante inauguração de um
campus universitário em Juazeiro do Norte (CE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
taxou ontem à noite seus críticos de "babacas" que não entenderam a "revolução" na área
da educação.
Lula usou duas vezes a palavra "babaca". A primeira foi ao
falar do Prouni (Programa Universidade para Todos), classificado por ele de "idéia genial".
"Quando criamos o Prouni
tinha um tipo de gente que fazia discurso assim contra o governo: "ah, estão privatizando a
educação", "ah, estão dando dinheiro para universidade particular". Ou seja, os babacas não
percebiam que estávamos fazendo uma revolução na educação brasileira", afirmou.
Logo depois, reclamou dos
estudantes que protestaram
contra a alteração, via Reuni
(Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais),
que aumenta de 12 para 18 a
média de alunos por professor
nas universidades federais.
"Aí tinha um tipo de estudante daqueles que vocês sabem,
que vai para a reitoria querer
bater no reitor. "Ah, 18 alunos é
muita gente na sala de aula, 18
alunos vai atrapalhar a educação". O babaca rico que já estudava não queria que o pobre tivesse a chance", disse, evocando o discurso de ricos e pobres,
e dizendo que prefere governar
para os últimos.
"Eu digo todo dia: governo
para todos, não discrimino ninguém. Mas faço como a minha
mãe. Se eu tiver um bife, não
tem um filho mais bonito que
vai comer sozinho não. Todos
vão dar uma lambidinha."
Lula fez diversas referências
ao próprio passado no discurso.
Numa delas, culpou seus antecessores pela violência urbana
ao dizer que "a política econômica estabelecida neste país
nos últimos 40 anos fez gerar
duas gerações de jovens sem
oportunidades". Então lembrou ser o oitavo filho de uma
família pobre, na qual "ninguém virou bandido, nem nunca roubou um centavo".
Depois, falava da frustração
de não ter podido estudar mais
- ele não tem curso superior -
quando então confidenciou
que, se pudesse, teria optado
pela economia.
Num momento de preocupação com a inflação e freqüentes
críticas de bastidores à atuação
do ministro Guido Mantega
(Fazenda), ele alfinetou: "Porque economista é uma beleza.
Quando economista é oposição, ele tem solução para tudo.
Quando ele chega no governo,
não tem solução para nada".
O presidente ironizou o desempenho da seleção nas Olimpíadas, ao dizer que "se os jogadores da seleção olímpica tivessem a mesma garra que os estudantes do Prouni, a gente teria
agora que disputar medalha no
domingo". Alguém da platéia
lembrou que o futebol feminino ainda está na disputa.
"Ah, as mulheres são as mulheres... Por isso é que eu sou
cada vez mais mulher", aproveitou. Ao seu lado, a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), tida como o nome do PT para
2010, sorriu. Ao fim do discurso, Lula disse esperar que quem
vier depois dele seja melhor. A
platéia, formada na maioria por
petistas e simpatizantes do governo, interrompeu sua fala aos
gritos de "Dilma, Dilma".
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