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Relator da ONU só ouve grupo que pede reserva contínua em Roraima
Índio norte-americano James Anaya é recebido com festa por índios brasileiros
KÁTIA BRASIL
AGÊNCIA FOLHA, EM PACARAIMA (RR)
O relator especial da ONU
para os direitos dos povos indígenas, o índio apache James
Anaya, visitou ontem o epicentro do conflito entre índios e fazendeiros na terra Raposa/Serra do Sol (RR) e disse que só vai
ouvir um dos lados na disputa
devido a "limitações de tempo".
O americano esteve ontem
na Vila Surumu (RR), dentro da
terra indígena, onde foi recebido com almoço e dança por lideranças do CIR (Conselho Indígena de Roraima) e de outras
entidades favoráveis a que sejam retirados da região os fazendeiros e demais não-índios.
Calcula-se que existam cerca
de 18 mil índios na Raposa/Serra do Sol. Parte deles defende a
permanência dos fazendeiros e
deseja que a área seja homologada com "ilhas" onde os não-índios poderiam plantar. Essa
parte dos índios reclama que
não vai ser ouvida por Anaya.
"Eu gostaria de visitar a todos que estão interessados em
promover a situação dos direitos humanos, mas há problemas de limitações de tempo",
afirmou ele, que vai apresentar
relatório sobre o assunto na
próxima sessão do Conselho de
Direitos Humanos da ONU.
O STF (Supremo Tribunal
Federal) julga, no próximo dia
27, o mérito da homologação da
terra indígena de 1,7 milhão de
hectares em forma contínua.
Na recepção, Anaya foi recebido por 700 índios. Jovens
pintados com urucum e jenipapo dançaram músicas tradicionais. "Para mim, é uma grande
honra estar aqui com vocês e
estou muito emocionado com a
recepção", disse Anaya. A conversa entre ele e as lideranças
indígenas foi reservada. À Folha, o relator disse que não opinaria sobre o julgamento.
Para Dirlene Santana, assessora da Sociedade de Defesa
dos Índios Unidos do Norte de
Roraima, Anaya "discrimina"
os índios contrários à reserva
contínua: "Ele não se disponibilizou em querer nos ouvir".
Colaborou0 JOSÉ EDUARDO RONDON , da
Agência Folha
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