São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2004

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Partido ainda busca texto único hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

O campo majoritário do PT só apresentou no final do encontro de ontem sua sugestão de projeto de resolução -nome dado à minuta do documento que resumirá as conclusões da reunião.
O texto estava pronto desde sexta, mas, de acordo com o presidente da sigla, José Genoino, a divulgação da proposta da executiva foi adiada ao máximo para tentar "um consenso entre os setores do partido", o que não aconteceu.
Além do texto proposto pelos moderados -governistas-, há a tese de um grupo de parlamentares de uma das tendências mais à esquerda do partido. As outras tendências nada apresentaram.
Os documentos fazem avaliações opostas sobre as eleições municipais -atribuindo fracassos, respectivamente, a questões locais e à política econômica.
Em discurso, o ministro Tarso Genro (Educação) teria expressado sua posição falando da necessidade de se "enquadrar a equipe econômica", mas sustentou que as divergências sejam sempre apenas discutidas -sem registros- e que, publicamente, a posição seja de solidariedade a Lula.
O tom de Genro adianta a pauta do último dia do encontro, hoje. Apesar de dispostos a ouvir as demandas dos setores radicais e de admitir divergências internas, os moderados não querem registro de críticas à política econômica no documento final da reunião, do que os radicais fazem questão.
Até o final da tarde, porém, as tendências de esquerda não aceitavam o texto do campo majoritário, e a manifestação conjunta já era tida como improvável.
"Não vamos falar de fuga de capitais nem definir a taxa de juros. Não há acordo possível sobre isso. Vamos fazer sugestões ao governo, não luta interna. É diferente", disse Genoino, às 20h, quando já terminara o encontro. Ele já afirmava ter como certo que não deve haver unanimidade hoje.
O documento da ala moderada é ameno e reafirma a vitória nas eleições municipais. A portas fechadas, no entanto, muitos petistas dessa tendência substituíram o discurso de vitória categórica por uma postura mais discreta, com tom de derrota política.
"Não se falou em problema estrutural nem em julgamento definitivo do PT, mas há uma sensação de derrota e de necessidade de mudança", disse o deputado federal Ivan Valente, da Ação Popular Socialista, signatário da tese produzida pelos dissidentes.
Os moderados reconhecem, em seu texto, revezes políticos e eleitorais em São Paulo e Porto Alegre, mas isentam o governo Lula de responsabilidade e dizem que "a retomada da economia e o crescimento do emprego [...] se projetaram positivamente no desempenho das candidaturas".
(SC, RC e CG)


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