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Eike foi "mentor intelectual" de fraude em licitação, afirma PF
Advogado defende que não há ato que mostre envolvimento de empresário
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACAPÁ
O inquérito da Polícia Federal que culminou na Operação
Toque de Midas aponta indícios de que Eike Batista, presidente da MMX, empresa suspeita de ter sido beneficiada na
licitação de uma ferrovia do
complexo minerador da serra
do Navio (AP), foi o "mentor intelectual" da suposta fraude.
"Eike Batista, como mandante, mentor intelectual, tinha
ciência de todas as fases da licitação [...]. Até porque, na função de presidente do conselho
administrativo da MMX, era e
continua sendo ele quem dá as
ordens a serem executadas, as
diretrizes a serem seguidas, no
que concerne à empresa. Não
restam dúvidas [...] que deve
responder por suas condutas",
afirma o inquérito da PF.
Para os policiais, essa ilação é
lógica, já que Flávio Godinho,
que aparece em diversas escutas discutindo o andamento das
supostas irregularidades, não
só ocupa cargos de direção em
várias empresas de Eike como
também é seu "fiel escudeiro",
segundo o inquérito.
"Como poderia o proprietário de um grande grupo econômico, que se auto denomina
"uma mistura de talento, obstinação e visão de negócio", permanecer alheio a tudo o que
acontecia no momento mais
crítico de seu planejamento,
qual seja, a concepção dos chamados "sistemas" da MMX?"
Segundo o advogado de Eike,
o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o inquérito
não aponta atos nem circunstâncias que demonstrem o envolvimento do empresário.
A PF também sugere que a
concessão supostamente fraudulenta da estrada de ferro era
essencial nos planos de Eike de
vender o complexo para a Anglo American, acordo fechado
neste ano por US$ 5,5 bilhões.
"A grande jogada de Eike Batista era criar um sistema logisticamente independente de lavra (mina), transporte (estrada
de ferro) e carregamento de minério de ferro (porto de Santana). Essa seria a razão da importância do sistema MMX
Amapá perante investidores
internacionais nos planos da
MMX e seu proprietário na
busca de seus bilhões de dólares", diz o inquérito da PF.
Na semana passada, a Anglo
American disse que só concluirá a transação, que inclui a
MMX Minas-Rio, depois que
forem esclarecidas as investigações. O inquérito cita a valorização da MMX e que, "ao que
tudo indica", "esconde-se por
trás desse grande feito uma rede de corrupção orquestrada
pela quadrilha montada para
que Eike Batista pudesse ter
êxito na sua empreitada".
Eike não foi grampeado nem
é citado nas conversas, gravadas com autorização judicial,
transcritas no inquérito.
Colaboraram BRENO COSTA
e PABLO SOLANO , da Agência Folha
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