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VOCAÇÃO ELEITORAL
Arthur Victor Brenneisen, 75, recebeu até placa em homenagem ao serviço eleitoral prestado
Mesário há 45 anos se orgulha da função
UIRÁ MACHADO
DA REDAÇÃO
"Prometo solenemente, perante Deus e a Justiça Eleitoral
de meu país, fazer tudo o que estiver ao meu alcance para bem
cumprir as obrigações inerentes
ao exercício do meu cargo (...)."
Esse é um trecho do Compromisso do Mesário, escrito por
Arthur Victor Brenneisen, 75,
mesário há 45 anos, 35 votações.
"Ele é o nosso símbolo", dizem
os funcionários do cartório da
248ª zona eleitoral, no bairro de
Itaquera (SP), no qual Brenneisen é mesário desde 1986. Antes,
trabalhou em Guaianazes, onde
começou, em 1959, a prestar os
serviços eleitorais.
"Comecei por acaso", diz
Brenneisen. Ele conta que,
quando foi transferir o título de
Limeira para São Paulo, encontrou uma fila muito grande.
"Um amigo do TRE (Tribunal
Eleitoral Regional) me levou para uma fila menor. Quando vi, tinha transferido o título, mas
também tinha virado mesário."
Brenneisen diz ter continuado
como mesário nas eleições seguintes porque fez "amizade
com o pessoal". Depois, "pegou
gosto". Hoje, ele conta com orgulho que já "recebe" os netos
dos primeiros votantes. O que
lhe deixa mais vaidoso é a placa
que recebeu como homenagem
quando completou 40 anos de
serviço eleitoral.
Em todo esse tempo, ele diz
que a eleição mais marcante foi a
de 2000: "Esqueci de votar".
Enquanto Brenneisen se sente
"muito gratificado" a cada votação, o estudante Tomás Fagundes Lellis Vieira, 22, sente raiva.
"Não concordo com ter que votar, muito menos com ter que
trabalhar. Se quem vota não
quer votar, e se quem trabalha
não quer trabalhar, o resultado
só pode ser ruim", diz ele, que
será mesário pela terceira vez.
Assim como Tomás, sua irmã
Mariana, 20, não gosta da função. Ambos são mesários no
bairro Jardins e reclamam de
perder o dia inteiro. Para eles é
"desagradável" ver que pessoas
chegam para votar saídas "do
clube, com o cabelo molhado e
biquíni por baixo".
Entre os extremos, há os que
não gostariam de ser mesários,
mas não reclamam. "É ruim trabalhar no domingo, mas quando estou lá, até me entretenho",
afirma o advogado Luis Henrique da Conceição Costa, 23.
Costa diz que gosta de observar os eleitores: "Acho interessante pessoas idosas ou com deficiências físicas que, mesmo
com dificuldades, fazem questão
de votar. É exemplo de civismo".
O civismo também chamou a
atenção do curitibano Dante
Oguido, 19, criador da comunidade "Mesário: uma questão de
honra", no site Orkut, que já tem
sete comunidades sobre o assunto. A maior delas -79 membros, até sexta-feira- é destinada aos que "não estão nada contentes" com a convocação.
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