São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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HORÁRIO ELEITORAL

Em depoimento, Renata diz que agressão sofrida pelo pai foi consequência do discurso do petista José Dirceu

Na TV, Serra põe filha de Covas contra PT

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidenciável José Serra (PSDB) continuou a atacar o PT em seu programa eleitoral. O tucano levou ao ar ontem um depoimento de Renata Covas Lopes, filha do governador Mário Covas, afirmando que a agressão sofrida pelo pai em 2000 foi consequência de um discurso de José Dirceu, presidente nacional do partido.
"[A declaração do petista" acabou desaguando para quando o governador do Estado quis entrar pela porta da frente na Secretaria da Educação e foi violentamente agredido. Eu nem preciso dizer a vocês que nessa época ele já estava doente, tinha sofrido uma cirurgia, e aquilo só não tomou proporções maiores porque Deus não quis", afirmou Renata Covas.
Na terça-feira, a propaganda tucana havia mostrado José Dirceu dizendo que "eles devem apanhar nas urnas e nas ruas". A declaração foi seguida da imagem de Mário Covas sendo agredido em manifestação de professores.
Ontem, Serra não pôde repetir no ar as cenas do discurso por determinação da Justiça e deu um tom de censura à decisão.
Para Renata Covas, José Dirceu, em seu discurso, estava se referindo a uma "bandeirada" que Covas havia levado um mês antes, numa manifestação no ABC.
A propaganda do PSDB reforçou a estratégia de mostrar um "PT maquiado". "O Lula que você vê na TV não é o Lula do PT. É o Lula para ganhar eleição."
Luiz Inácio Lula da Silva continuou na tática de dar respostas moderadas a Serra. A propaganda repetiu um quadro com máscaras, dizendo que o tucano quer criar um clima de "terror" em torno do PT. E Lula voltou a falar da crise na indústria automobilística e da geração de empregos.
No rádio, houve resposta mais direta do PT, que se centrou no desemprego da era FHC. "Se a turma do Serra e do FHC sabia como gerar 8 milhões de empregos, por que não fez isso antes?", perguntou um locutor. Lula respondeu com críticas ao PSDB.
O programa faz parte da tática do marqueteiro de Lula, Duda Mendonça, de deixar o tom mais agressivo da campanha para o rádio e tentar dar o máximo de sobrevida ao estilo "Lulinha, paz e amor" na televisão.
A campanha de Serra, por sua vez, usou o rádio ontem para se justificar por ter subido o tom nos ataques. Uma locutora afirmou "o Serra provocou [Lula]". "Provocou não, perguntou", rebateu o âncora do programa.
A opção é consequência de um temor, na coordenação campanha, de que o tucano possa perder pontos com as críticas pesadas e favorecer os adversários.


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