São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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BRASIL

GOVERNADORES

Segundo pesquisas, candidatos que ocupavam 2º lugar tomam a liderança e acirram sucessão; em 15 regiões, pode nem haver 2º turno

Disputa tem novos líderes em cinco Estados

ADRIANA CHAVES
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

Institutos de pesquisa apontaram, nas duas últimas semanas, um acirramento nas campanhas a governador em 12 Estados. Em cinco, candidatos que ocupavam o segundo lugar desbancaram seus adversários e assumiram a liderança da disputa -caso de Alagoas, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Já, nos outros 15 Estados, as pesquisas indicam que a preferência do eleitor está praticamente consolidada e que os candidatos na dianteira das intenções de voto podem vencer no primeiro turno.
O exemplo mais contundente de reviravolta eleitoral veio de Mato Grosso. Lá, em 17 dias, Blairo Maggi (PPS) foi de 29% para 44% das intenções e ultrapassou Antero Paes de Barros (PSDB), que caiu de 41% para 29%.
A inversão na corrida eleitoral de Mato Grosso causou surpresas em assessores dos candidatos. Não houve, segundo políticos locais de ambos os concorrentes, um motivo político que motivasse a diferença. A comparação foi feita entre os levantamentos do Ibope concluídos em 28 de agosto e no último dia 11 de setembro.
Pesquisas de diferentes institutos também detectaram o acirramento nas disputas no Espírito Santo e no Maranhão, onde os líderes Paulo Hartung (PSB) e Jackson Lago (PDT), respectivamente, tiveram sua vantagem sobre os adversários reduzida.
Para os especialistas, em cada Estado há motivos específicos para a ocorrência do fenômeno, mas o fator comum é a exploração da campanha na televisão. "Antes do começo da campanha televisiva é difícil projetar os resultados. Estamos vendo isso também na sucessão presidencial", diz o cientista político Christopher Garman, da consultoria Tendências.
Segundo ele, as disputas estaduais são um terreno mais propício para a ocorrência de inversões nas pesquisas. "Na eleição estadual, há um número maior de indecisos, porque o eleitor presta mais atenção na presidencial."
O professor de história do Brasil da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) Jovan Vilela da Silva acredita que o "oportunismo" ainda presente na política brasileira ajuda a explicar a inversão de posições em Mato Grosso.
"Aqueles candidatos que conseguem resultados compensadores nas pesquisas acabam atraindo pessoas que estão apoiando outros candidatos, principalmente na reta final. Blairo Maggi já contabiliza apoios que antes eram de Antero Paes de Barros."
Em São Paulo, pelo Ibope, Geraldo Alckmin (PSDB) passou de 22%, em 1º de agosto, para 29% no último dia 16, enquanto Paulo Maluf (PPB) foi de 32% para 28%.
"São Paulo tem uma terceira candidatura, do José Genoíno [PT". Não é só a estratégia do Alckmin que está tirando votos de Maluf. É a estratégia dos três que está recompondo o quadro", diz Plínio Dentzien, coordenador do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp.
Fernando Collor (PRTB) liderava em Alagoas, mas a última pesquisa do Ibope apontou-o em segundo lugar, com 37%, atrás dos 44% de Ronaldo Lessa (PSB).
No Piauí, o petista Wellington Dias (45%) ultrapassou o pefelista Hugo Napoleão (43%), segundo o Ibope. Por causa da margem de erro, estão em empate técnico.
Pesquisas locais indicam que, no Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) tomou o primeiro lugar de Antônio Britto (PDT). Segundo Dentzien, o Estado é o que melhor reproduz a sucessão presidencial. "O Rio Grande do Sul é onde o PT aparece mais coeso, especialmente na capital. O partido está terminando seu primeiro mandato no Estado e está no quarto governo em Porto Alegre."
Nos Estados em que pode haver vitória no primeiro turno, a situação está mais definida no Acre, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio, Santa Catarina e Tocantins.


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