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PT X PT
Petistas do Rio se atacam de novo por cargos
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Preocupados que a crise gerada
pela disputa interna por cargos federais possa diminuir a participação do PT do Rio no governo Lula, a Executiva do partido e deputados da bancada estadual discutem uma saída para mostrar
união à novo governo. O racha,
porém, está longe de terminar.
"Nós precisamos ter vaga no governo federal. Se não tivermos vaga, não vamos sobreviver no Rio
com o governo da Rosinha [Matheus, do PSB]", disse o secretário
de Educação, William Campos, ligado a moderada Articulação.
Ele criticou abertamente o deputado federal eleito, Chico Alencar, líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa e um dos pivôs da crise, que não compareceu
à reunião do PT do Rio, realizada
anteontem. "O chorão do Chico
[Alencar] parece o cabo Anselmo.
É a Heloísa Helena do Rio, esperneia, mas não tem credibilidade",
disse Campos.
Ligado à esquerda do PT, Alencar falou à Folha por telefone, respondendo no mesmo tom.
"Agradeço o elogio de me comparar a senadora Heloísa Helena,
mas a ofensa do cabo Anselmo,
simplesmente, não respondo porque é de uma baixeza e de uma
torpeza tão grande, que não merece resposta", afirmou. Segundo
ele, Campos é um "homem em
busca de cargos", já que no 1º de
janeiro deixará de ser secretário.
O deputado disse ainda que sua
maior preocupação é que alguns
integrantes do PT do Rio estariam
trabalhando para manter nomes
"fisiológicos, ligados ao PTB", em
cargos federais do Estado.
Como a Folha antecipou anteontem, o diretório regional do
partido enviou ao presidente nacional do PT, José Genoino, uma
lista oficial com 304 nomes para
258 cargos federais no Estado.
Um grupo de deputados, entre os
quais Alencar, se achou preterido
nas indicações e se rebelou.
O racha caiu como uma bomba
no PT e o presidente regional do
partido, Gilberto Palmares, convocou às pressas uma reunião
com a bancada e a Executiva para
contornar a crise.
"Houve uma reunião conjunta,
bancada e Executiva, e, por unanimidade, o processo de escolha
dos nomes como está sendo conduzido até agora é transparente",
disse Palmares.
Campos também atacou a deputada estadual Heloneida Studart, uma das dissidentes, pelo fato de não ter sido atendida em
suas indicações. Segundo o secretário, ela reclamou, mas conseguiu colocar o próprio filho na lista - João Soares Orban, na presidência da Enap (Escola Nacional
de Administração Pública). Studart disse que a indicação não foi
sua, mas das correntes moderadas do partido. "Meu filho tem
ampla militância política."
Amanhã, a Executiva do partido se reúne para discutir a inclusão na lista oficial dos nomes do
deputado Milton Temer para a
presidência da TV Educativa, e do
especialista em comunicação Muniz Sodré para Biblioteca Nacional. A exclusão dos dois nomes,
indicados por Studart, foi um dos
motivos do racha.
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