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RUMO A 2006
Alckmin, em São Paulo, e Aécio, em Minas, já disputam nos bastidores a hegemonia do PSDB de olho na sucessão de Lula
Sob PT, tucanos iniciam era "café-com-leite"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA
Nos estertores da era FHC, os
tucanos se reorganizam para iniciar sua fase "café-com-leite", fora
do poder central e na oposição a
Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
O governador eleito de Minas,
Aécio Neves, e o reeleito de São
Paulo, Geraldo Alckmin, articulam para assumir o controle do
partido e inaugurar uma nova fase do PSDB, que, com o fim do segundo mandato de Fernando
Henrique Cardoso no comando
do país, passaria a ter como eixo
os governos dos tucanos nos Estados -sete, ao todo.
Ao redor dos governadores de
São Paulo e Minas orbitam forças
que polarizam os tucanos. Com
Alckmin, está o grupo "histórico"
paulista, formado, entre outros,
pelo senador José Serra, candidato derrotado à sucessão de Fernando Henrique, e o presidente
nacional da sigla, José Aníbal.
Aécio Neves, neto do presidente
Tancredo Neves, morto em 1985,
tem como principal aliado o senador eleito e ex-governador do
Ceará, Tasso Jereissati, que se recusou a apoiar Serra no primeiro
turno das eleições.
Os dois grupos medem forças
na intenção de comandar o PSDB
a partir de maio do ano que vem,
quando ocorrem as eleições para
a presidência do partido.
A polarização reedita à sua maneira a "política do café-com-leite" - alternância de poder entre
as oligarquias paulista e mineira
na República Velha, pré-1930.
Divergências à parte, o paulista
e o mineiro, conclamados como a
"nova geração dos tucanos", comungam a crença de que o PSDB
precisa aproximar-se de uma nova agenda de mudanças sociais e
fortalecer sua militância, historicamente restrita, para sobreviver
em boas condições à "era Lula".
Tanto Aécio quanto Alckmin
defendem um PSDB sintonizado
com o interesse administrativo
dos sete governadores tucanos.
Mas os dois, no entanto, têm projetos de ocuparem a vaga de candidato do partido à sucessão de
Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
Os dois dizem não haver disputa entre eles e pregam a união da
legenda partidária. A disputa interna visando 2006 estaria, por
ora, fora de foco, ao menos no discurso de ambos.
No xadrez político dos tucanos,
porém, as peças já se movimentam conforme cada projeto. Não
faz parte dos planos de Alckmin,
por exemplo, romper com os
"históricos" paulistas.
Ele sequer medirá forças com o
grupo. Sempre os tratará como
aliados, prova disso é que os terá
em seu futuro secretariado, pois
os únicos nomes anunciados até
agora para compor o primeiro escalão paulista foram indicados
pelos históricos -Arnaldo Madeira (Casa Civil), Andrea Calabi
(Planejamento) e João Carlos
Meirelles (Ciência, Tecnologia,
Desenvolvimento Econômico e
Turismo) .
A questão para o governador
reeleito é apenas deixar de exercer
papel secundário no diretório
paulista. Alckmin quer se consolidar como uma influente liderança
e, para isso, precisa se erguer internamente levando consigo o seu
próprio grupo, do qual fazem parte nomes de atuação regional, como o deputado estadual Edson
Aparecido, presidente do PSDB
em São Paulo, e o secretário da
Educação, Gabriel Chalita.
Transformar-se em uma espécie de representante do grupo de
governadores tucanos, escorado
no peso de São Paulo, cacifaria
Alckmin a disputar a indicação do
partido para 2006.
O mineiro, de seu lado, considera importante não perder a interlocução com Alckmin, e sabe que
assumirá no próximo dia 1º um
Estado diante de grave crise financeira. Por isso, avalia, precisará do apoio do partido e do paulista para negociar com o futuro
governo petista.
As divergências surgem quando
o assunto é o comando do PSDB.
Aécio avalia que para o partido ter
como eixo os governos tucanos,
não ficando à mercê de disputas
políticas internas com vistas quase que exclusivas à disputa em
2006, a eleição de Tasso para o
cargo de Aníbal seria o ideal. O
cearense quer o cargo. Para o qual
Serra também está de olho.
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