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Chuva alaga escola de assentamento
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PONTA PORÃ
Em uma escola de ensino fundamental que funciona no núcleo
do MST, na fazenda Itamarati,
onde vivem 320 famílias, o planejamento do ano letivo depende
dos períodos de estiagem. É que o
pouco teto que resta, de palha,
não protege os estudantes das
chuvas. Em dias de temporais, as
aulas são canceladas. Mantida pela gestão petista de Ponta Porã
(MS), a escola funciona em barraco feito de ripas de eucalipto e o
pouco teto que resta de palha.
A chuva é o drama dos alunos
por outro problema: quando chove forte o ônibus escolar não consegue buscá-los. Mesmo se conseguisse, os alunos ficariam encharcados nas quatro salas, divididas
por um corrimão de madeira.
A reportagem esteve por dois
dias na escola. No primeiro, a aula
havia sido cancelada por causa da
chuva do dia anterior. No segundo, havia apenas 12 dos 60 alunos
matriculados na parte da manhã.
E dois dos três professores faltaram. Crianças vermelhas de barro, algumas sem caderno, outras
descalças, tentam prestar atenção
a uma professora que tem de lidar
com alunos da 1ª à 3ª séries.
A maioria não presta atenção,
mas duas, com toquinhos de lápis, tentam acompanhar a aula de
matemática escrevendo em cadernos vermelhos de sujeira.
"Dependendo do tempo, ficamos uma semana inteira sem dar
aulas", afirmou a professora Maria Aparecida Rodrigues, 27.
Para dar aulas durante dois turnos, ela recebe R$ 230, mas diz
que gasta dinheiro do próprio
bolso para sustentar a escola.
"Sou eu que compro o giz".
"Tratamos o assentamento com
carinho, mas foi uma mudança
muito brusca para o município a
chegada dos dos assentados. É como preparar um almoço para cinco pessoas e chegarem 20", disse o
prefeito Vagner Piantoni.
Segundo ele, a população do
município, que tinha cerca de 63
mil habitantes em 2000, aumentou em mais de 10% com a chegada das famílias ao assentamento.
Piantoni disse que não há previsão para resolver o problema de
falta de infra-estrutura da escola.
Mas Piantoni disse que a situação
da escola é opção do MST. "Foi
decisão do grupo, que não aceita
se misturar com os outros grupos
em outras escolas da cidade."
Outra escola, só que estadual,
que funciona no acampamento
também enfrenta problemas,
principalmente a superlotação.
Adaptada em antigo dormitório,
tem salas pequenas e pouco ventiladas. Há alunos que assistem à
aula em pé e outros que têm de
sentar do lado de fora.
(FM)
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