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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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PAINEL

Equação petista
O Planalto já definiu os pontos principais da reforma tributária. Vai propor a criação de novas alíquotas do Imposto de Renda, a maior delas de 30%. A classe média deverá pagar menos IR, com redução da cobrança de 27,5% para menos de 25%. Oficialmente, o governo nega mexer nesses percentuais.

Um pelo outro
No projeto que Lula vai levar ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a CPMF subirá dos atuais 0,38% para 0,5% das movimentações bancárias. Em compensação, acabará a cobrança em cascata da Cofins. A justificativa é que a CPMF é de cobrança mais fácil.

Saída estratégica
A reforma tributária regulamentará o Imposto sobre Grandes Fortunas e aumentará significativamente o ITR, hoje considerado irrisório. As medidas impopulares não constarão do projeto enviado pelo Executivo para evitar desgastar Lula, mas serão incluídas pelo Congresso.

Mau agouro
Políticos do Nordeste comentam que Lula não deveria ter sido fotografado ao lado de um mandacaru. A árvore é conhecida na região porque "não dá sombra nem encosto". E é usada para apelidar pessoas folgadas.

Apoio descartável
O Planalto decidiu que não fará nada para salvar ACM. Avalia que qualquer ação para protelar o eventual processo contra o senador no Conselho de Ética só desgastaria o governo e traria pouco ou nenhum benefício político, mesmo nas difíceis votações das reformas.

Na ponta do lápis
O governo acredita já ter entre 35 e 40 votos dos 76 deputados federais do PFL, mesmo que os carlistas decidam partir para a oposição. Com o apoio considerado quase certo do PMDB, avalia-se que Lula não precisará dos aliados de ACM para garantir a aprovação das reformas.

Sem modéstia
O PMDB já definiu a exigência que fará ao Planalto para integrar oficialmente a base aliada de Lula: quer o Ministério da Justiça para o presidente do partido, Michel Temer.

Jogar para escanteio
Para acomodar Temer, o PMDB sugeriu a Lula que o atual ministro, Márcio Thomaz Bastos, seja nomeado para o Supremo Tribunal Federal. Mas o presidente é contra a idéia.

Peso na consciência
Lula já admite fazer uma minirreforma ministerial ainda no primeiro semestre para acomodar PMDB e PPB. Mas não sabe o que fazer para não melindrar aqueles que ficarão sem cargos.

Próxima vítima
Depois de Tereza Grossi, o próximo diretor do Banco Central a ser trocado pelo governo Lula será Carlos Eduardo de Freitas, que cuida de privatização de bancos estaduais.

Projeto fantasma
Inaugurada por Aécio Neves no final do mandato passado, a gráfica da Câmara, que consumiu R$ 20 milhões, não saiu do papel. Há apenas um galpão com máquinas desligadas, sem funcionários e que ainda não imprimiu um único panfleto.

Tudo igual
A previsão da administração da Câmara é de que a gráfica leve pelo menos seis meses para começar a funcionar. Antes será preciso contratar e treinar funcionários e instalar equipamentos. Enquanto isso, as publicações da Casa continuarão sendo impressas na gráfica do Senado e na Imprensa Oficial.

Buraco verde
O valor das multas que a Secretaria do Meio Ambiente de SP tem a receber de indústrias que feriram a lei nos últimos dez anos chega a R$ 250 milhões. É quase o valor total do Orçamento da pasta para 2003. O problema é que ninguém paga.

TIROTEIO

Do deputado federal Colbert Martins (PPS-BA), sobre o escândalo dos grampos na Bahia:
- A disseminação do grampo na Bahia é tão grande que na porta da Igreja do Bonfim há vários camelôs vendendo fitas. Não a tradicional lembrança do Bonfim, mas fitas cassete usadas para "grampear".

CONTRAPONTO

Onipresença baiana

O líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, esteve em uma reunião com dirigentes petistas de Salvador na última sexta.
Um dos políticos baianos que tiveram seu celular grampeado ilegalmente, Pellegrino chegou com uma hora e meia de atraso.
Assim que o deputado entrou na sala, seu celular começou a tocar. Os petistas pediram que ele desligasse o aparelho para que a reunião não atrasasse ainda mais. Mas Pellegrino decidiu atender, argumentando:
- Eu tenho de atender. É o doutor Waldir.
Imediatamente, um petista o provocou:
- Que Valdir, o Barbosa?, perguntou, referindo-se ao delegado que autorizou a escuta.
Pellegrino respondeu:
- É o Waldir Pires [ministro-chefe da Controladoria-Geral da União]. O Barbosa não precisa me ligar, ele já grampeia os meus telefones.


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