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OUTRO LADO
Juiz afirma que foi apenas inquilino de apartamento comprado por "offshore" e que devolveu à PF placas de uso reservado
Rocha Mattos diz que gravação é prova ilícita
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal João Carlos da
Rocha Mattos diz que não mora
mais no imóvel da rua Maranhão,
embora, eventualmente, ainda
use o apartamento. Diz que nunca
escondeu esse endereço.
O juiz foi ouvido pela Folha em
seu gabinete, na quinta-feira.
O magistrado afirma que o advogado Carlos Alberto da Costa
Silva, procurador da "offshore", é
seu amigo, embora não seja íntimo. O juiz diz que não sabe quem
é o dono da empresa uruguaia.
Rocha Mattos diz que os recursos dessa "offshore" uruguaia entraram legalmente no país. Diz
que foi inquilino do apartamento,
tendo feito reformas no imóvel.
O juiz afirma que teve um "relacionamento amoroso" com a ex-estagiária que trabalhou na 4ª Vara. Diz que ela era casada e pede
que seu nome seja preservado.
Alega que o depoimento foi obtido sob coação psicológica e versaria apenas sobre questões pessoais. Segundo o juiz, a fita cassete
é "prova" ilícita, colhida por autoridades incompetentes (promotores estaduais). Ele diz que a procuradora da República Rita Fonseca admitiu que a gravação foi
colhida por meio inidôneo.
De acordo com o juiz, a fita está
inaudível e há laudos periciais
confirmando que não foi possível
fazer a degravação pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e
pela Unicamp. Ele diz que não foi
notificado de que a ex-estagiária
seria ouvida por Theotonio Costa.
Acrescenta que não conseguiu
vista dos autos e que só em janeiro
deste ano veio a saber que os promotores haviam sido ouvidos pelo novo relator, em abril de 2002.
Rocha Mattos afirma que devolveu à PF as placas reservadas que
usava para a sua segurança pessoal e de familiares.
Informado sobre o teor da reportagem, o advogado Carlos Alberto da Costa Silva não quis se
manifestar. O ministro Jorge
Scartezzini, procurado por meio
da assessoria do STJ, não se pronunciou. Ana Maria Scartezzini
diz que "repudia a afirmação de
que usaria indevidamente carro
privativo de desembargador". Diz
que, "quando isso ocorre, atende
a convite em algum evento esporádico ou por representação, como mulher do ministro do STJ".
A Folha solicitou à assessoria de
imprensa do TRF-3 entrevista
com os 13 desembargadores citados. Nenhum se manifestou.
O assessor de imprensa do TRF-3, Márcio Novaes, diz que a convocação para o período de férias
obedece às normas e segue o critério de antiguidade.
(FV)
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