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VIDA DE EX
Em palestra de inauguração do Instituto FHC, ex-presidente dos EUA defende mais cooperação internacional
Clinton critica unilateralismo de Bush
DA REDAÇÃO
"Outro dia estava me barbeando em Nova York, olhei para o espelho e pensei: "Meu Deus, agora
eu sou uma ONG'", disse ontem o
ex-presidente dos EUA, Bill Clinton (1993-2001), ao iniciar sua palestra na inauguração do Instituto
Fernando Henrique Cardoso, em
São Paulo. "E você, presidente
Cardoso, com seu instituto, também torna-se uma ONG."
Durante sua fala, que durou cerca de 30 minutos e foi seguida de
perguntas e respostas, Clinton
disse discordar da política de unilateralismo do atual presidente
dos EUA, George W. Bush: "Se vivemos num mundo interdependente, precisamos de mais parceiros e menos inimigos".
"[A Guerra do] Iraque não era
sobre petróleo ou imperialismo,
mas sobre unilateralidade versus
cooperação", disse o ex-presidente americano. Sua fundação é o
Centro Presidencial Clinton.
Segundo ele, há hoje na sociedade norte-americana intenso debate entre uma corrente que defende que os EUA, como a única superpotência militar, econômica e
política, deve aproveitar este momento para "resolver problemas e
nos livrarmos de pessoas e forças
ruins do mundo", e outra favorável a uma maior cooperação internacional.
"É mais importante aproveitarmos esse momento para ajudar a
construir estruturas de cooperação internacional de forma que,
quando não formos mais a única
superpotência, teremos um mundo melhor onde viver", disse Clinton ao auditório lotado do hotel
Renaissance, nos Jardins. Defendeu a adesão americana a iniciativas como o Protocolo de Kyoto e
o Tribunal Penal Internacional.
Segundo Clinton, o avanço da
democracia no mundo é motivo
para otimismo, mas não é suficiente. "A democracia é mais do
que eleições e governo da maioria. É um lugar onde há respeito
aos direitos das minorias e às liberdades individuais", disse.
Clinton defendeu o papel das
organizações não-governamentais, pois apenas os Estados não
teriam como resolver os problemas e precisam ser fiscalizados.
Ele listou o que considera as três
prioridades do mundo hoje: educação, saúde e democratização de
organismos internacionais como
a ONU, o FMI (Fundo Monetário
Internacional) e a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Também defendeu o fortalecimento da classe média ao redor
do mundo. No caso da saúde, citou o Brasil como exemplo devido
à política de combate à Aids: "O
Brasil é o único país do mundo
em desenvolvimento a oferecer
tratamento gratuito a todos os
portadores de HIV que necessitam. Isso é extraordinário".
Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso governaram durante
boa parte dos anos 90 e, juntos, integraram a Terceira Via, grupo de
líderes mundiais que defendia um
caminho alternativo à tradicional
polarização esquerda e direita.
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