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ELEIÇÕES 2008 / PLANALTO
Dilma só fará campanha no RS, afirma Lula
Ministra teria ficado insatisfeita com decisão do presidente e argumentado que recebeu pedidos do PT para viajar pelo país
Atuação de José Múcio (Relações Institucionais) também está restrita, no seu caso, a PE; os outros ministros estão liberados
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar evitar problemas
na reta final do seu governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva proibiu Dilma Rousseff
(Casa Civil) de fazer campanha
em Estados que não o Rio
Grande do Sul, onde a ministra
fez carreira. Dilma reclamou,
argumentando que havia recebido pedidos do PT de subir em
palanques pelo país.
Lula estendeu o veto a José
Múcio (Relações Institucionais), que só poderá fazer campanha em seu Estado, Pernambuco, e liberou o restante do
primeiro escalão.
Lula comunicou Dilma e Múcio da decisão ao fim da reunião
de coordenação política do governo, na manhã de ontem. A
ministra, tida como provável
candidata do PT nas eleições
presidenciais de 2010, ficou
contrariada. "Chiou" com Lula,
segundo relatos.
O presidente, entretanto, diz
querer evitar os erros cometidos em 2004, quando os partidos que o apoiavam no plano
federal se desgastaram na disputa pelas prefeituras, o que
trouxe problemas para o governo no Congresso.
Já Múcio é o coordenador
político do governo, incumbido
da função de manter unidos os
partidos aliados ao Planalto.
Por isso, Lula não quer vê-lo
envolvido em disputas regionais com estes mesmos partidos. O ministro disse, em ocasiões anteriores, que restringiria sua atuação ao seu Estado.
No caso de Dilma, Lula avalia
que ela virou uma espécie de
"vitrine" do governo, por ser
coordenadora do PAC (Plano
de Aceleração do Crescimento)
e chefe da Casa Civil, tradicionalmente uma das pastas mais
importantes. O raciocínio é que
a presença dela em um palanque pode se confundir com a
presença do governo, algo que
pode provocar "ciumeira" e
"disputas" entre siglas aliadas.
Dilma -esperada em Porto
Alegre neste fim de semana para participar de comício da candidata do PT, Maria do Rosário,
à prefeitura da cidade- não comentou a decisão oficialmente.
Subordinados do presidente
acreditam que tanto ela quanto
o PT devem pressionar o presidente, na tentativa de demovê-lo da decisão. Ontem, diante da
reclamação de Dilma, Lula disse que "pensaria" no assunto.
O presidente já avisou que só
vai subir em palanque naqueles
Estados nos quais os partidos
que apóiam o governo federal
estiverem unidos. Portanto,
sua participação só deve ser
mais expressiva no segundo
turno da disputa.
Reunião
A participação do primeiro
escalão do governo nas eleições
municipais foi tema de uma
reunião ministerial no início de
junho. À época, não houve
acordo. Lula, Múcio e Franklin
Martins (Comunicação Social)
defenderam que as campanhas
de todos os ministros se limitassem aos Estados de origem
de cada um.
Mas o restante, sobretudo os
que têm cargos nos diretórios
dos partidos, não aceitou.
Eles argumentaram que, para ter uma relação partidária
confiável, precisam ter uma
atuação nacional e estar presentes nesses momentos de
campanha política.
A idéia inicial do governo era
fazer uma espécie de norma escrita, estipulando como cada
ministro poderia agir, mas o
projeto foi abandonado. Acabou sendo feito apenas uma
cartilha com orientações jurídicas sobre como agir no período que antecede as eleições
municipais.
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