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Polícia revela que Dantas já dirigiu um fundo do Opportunity em paraíso fiscal
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um documento incluído pela
Polícia Federal no inquérito da
Operação Satiagraha mostra
que Daniel Dantas já foi diretor
do fundo de investimentos do
Opportunity no paraíso fiscal
das ilhas Cayman. O Opportunity Fund, exclusivo para estrangeiros, e, por isso, isento de
Imposto de Renda, é suspeito
de abrigar ilegalmente aplicações de brasileiros.
O nome de Dantas consta do
"Private Placement Memorandum", uma espécie de regulamento do fundo distribuído aos
investidores associados, registrado em Cayman. Segundo a
PF, é uma rara digital do banqueiro nos negócios sob suspeita do grupo Opportunity.
Segundo os registros societários da empresa na Junta Comercial do Rio, Dantas nunca
foi dono do Opportunity, é apenas cliente da instituição financeira. Para a PF, não há dúvidas
de que Dantas é o dono de fato
do banco, e não consta dos registros oficiais para não deixar
suas digitais nos negócios escusos do Opportunity.
O documento incluído pela
PF no inquérito revela que
Dantas também já integrou a
diretoria da Opportunity Asset
Management Ltda., empresa
indicada pelo fundo como a
responsável por sua gestão. No
Brasil, onde a Opportunity Asset Management é registrada,
Dantas não figura hoje como
um de seus diretores.
Procurada pela Folha, a assessoria do Opportunity afirmou apenas que Dantas não é
administrador do fundo nem
da empresa que o gerencia. A
assessoria não respondeu se
ele já ocupou a função, como
mostram os documentos.
Em 2004, a Polícia Federal
apreendeu na sede do banco
Opportunity, no Rio, um HD
(disco rígido) contendo uma
lista de supostos investidores
brasileiros do Opportunity
Fund. As aplicações ilegais
nunca foram comprovadas.
Naquele ano, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável por fiscalizar o
mercado de capitais, multou
em R$ 480 mil empresas do
grupo Opportunity e os executivos Dório Ferman e Verônica
Dantas, irmã de Daniel Dantas,
por oferecerem no Brasil cotas
do fundo estrangeiro.
Dório e Verônica também já
foram diretores do Opportunity Fund, ao lado de Dantas,
assim como Pérsio Arida, ex-presidente do BNDES e do
Banco Central.
As multas aplicadas pela
CVM foram baseadas, entre
outras evidências, na confissão
de um dos cotistas: o empresário Luiz Roberto Demarco, ex-sócio de Dantas. Ele diz ter
aplicado US$ 750 mil em 1997.
Cópias dos comprovantes dessas operações foram anexadas
no inquérito da Satiagraha.
O grupo reverteu a condenação em segunda instância.
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