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Recessão e inflação marcaram período
ESPECIAL PARA A FOLHA
A campanha das diretas coincidiu com uma profunda crise econômica. O Brasil pagava a conta
dos erros dos anos 70, quando o
governo Ernesto Geisel (74-79)
insistiu em manter o crescimento
numa época de desaceleração.
Os dois choques do petróleo
(1973 e 1979) multiplicaram o preço do barril por dez no período.
Dependentes do combustível importado, os países industrializados passaram a registrar uma inflação crescente e, para contê-la,
elevaram os juros. O Brasil perdeu
duplamente: pagou mais pelo petróleo e pelo serviço da dívida. A
situação se agravou quando, em
agosto de 1982, o México entrou
em moratória. O mercado passou
a considerar o Brasil a bola da vez.
Em 1983, a equipe econômica
cedeu e buscou um acordo com o
FMI. Embora as cartas de intenção não tivessem sido cumpridas,
o país entrou em recessão. O PIB
encolheu quase 5%, o pior resultado desde que o levantamento
começou a ser feito, em 1947.
A recessão foi inócua para controlar a inflação. Os preços continuaram disparando. No final de
1983, o índice bateu em 211%. O
quadro de crise aguda tinha nome: estagflação, a combinação de
estagnação e inflação. Como resultado, a renda per capita despencou mais de 7% no ano. Começou aquela que depois seria
chamada de "a década perdida".
O ano de 1983 é lembrado pela
inquietação social. Em São Paulo,
onde havia 300 mil desempregados na região metropolitana, houve momentos de tensão. Em abril,
três semanas após a posse do governador Franco Montoro, uma
manifestação de desempregados
acabou em saques a supermercados. Uma multidão se dirigiu ao
Palácio dos Bandeirantes e tentou
derrubar a cerca. Os desempregados foram dispersados enquanto
o Exército era posto de prontidão.
(OSCAR PILAGALLO)
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