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Investigado pela PF obteve R$ 2 mi em emendas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alvo da operação João de
Barro, da Polícia Federal, o deputado Ademir Camilo (PDT-MG) obteve do Executivo, em
menos de seis meses, o empenho do valor total de duas
emendas individuais de R$ 1
milhão cada. Apresentadas por
ele na proposta orçamentária
deste ano, as emendas beneficiam com obras de desenvolvimento urbano e infra-estrutura do Ministério das Cidades os
municípios mineiros de Jaíba e
Mamonas, onde a PF cumpriu
mandados de busca e apreensão na última sexta-feira.
Nem o governo federal nem
outros parlamentares aportaram recursos para as mesmas
ações nessas duas cidades.
Consultado, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, disse que
o empenho foi decisão exclusiva do ministro José Múcio (Relações Institucionais). "É a liberação que vem autorizada
para negociação política", afirmou, explicando que houve liberação de emendas de congressistas da base no início deste ano.
Múcio, que estava no interior
de Pernambuco ontem, não
respondeu aos recados deixados pela Folha para explicar
porque Camilo foi contemplado com empenho -o primeiro
passo da liberação de verbas
orçamentárias- de 100% até o
dia 9 de junho. Camilo também
não foi localizado.
Ailton Santana, prefeito de
Mamonas, espera o recurso para asfaltar as ruas da cidade, no
norte de Minas. Ele diz que
Ademir Camilo é o parlamentar que mais ajuda a cidade.
"Procuramos ele quando precisamos de recursos", disse.
Outro deputado suspeito de
integrar a quadrilha, João Magalhães (PMDB-MG), também
apresentou uma emenda individual no valor de R$ 110 mil
para obras de esporte e lazer
em Virgolândia, município investigado pela PF. Contudo, ele
ainda não conseguiu empenhar
os recursos.
Apesar das suspeitas, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou ontem
que não há elementos suficientes para a corregedoria da Casa
investigar os congressistas.
Chinaglia disse que o inquérito
corre em segredo da Justiça e,
por isso, desconhece detalhes
das acusações. "Está em compasso de espera [a ação da Corregedoria], até porque hoje o
que a corregedoria teria em
mãos seria apenas o mandado
de busca e apreensão feito no
gabinete dos dois deputados."
O PSOL, no entanto, já informou que pretende entrar com
uma representação no Conselho de Ética da Casa contra
Magalhães e Camilo nos próximos dias.
Ontem, Chinaglia também
afirmou que é preciso aprimorar a Comissão de Orçamento
da Casa. Segundo ele, há unanimidade sobre a necessidade de
mudança, mas até agora não foi
encontrada uma proposta
ideal. Camilo e Magalhães são
integrantes da comissão.
(FERNANDA ODILLA E MARIA CLARA CABRAL)
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