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Cabos eleitorais são treinados para rebater questionamentos
DA REPORTAGEM LOCAL
O discurso dos visitadores da
campanha paulistana seguem
um roteiro, que inclui até respostas decoradas para eventuais questionamentos a respeito de defeitos do candidato.
Os cabos eleitorais remunerados de Marta Suplicy (PT),
por exemplo, levam pronto o
antídoto contra as críticas à
gestão da ex-prefeita. "Marta
enfrentou dois anos de Fernando HC", justificou uma visitadora na terça-feira passada, durante atividade em Cangaíba,
na zona leste de São Paulo.
Ela se referia ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), que governou de 1995
a 2002 e já apareceu na campanha de TV de Geraldo Alckmin,
também do PSDB. Marta foi
prefeita de 2001 a 2004.
Uniformizados, os cabos eleitorais seguem orientação de
manual produzido exclusivamente para a campanha. "Uma
nova atitude para a cidade", repetem na primeira abordagem.
Depois de perguntarem se o
eleitor já tem candidato, falam
de realizações e promessas específicas de Marta.
Para a zona sul, o material
traz a promessa de construção
de dois hospitais, um em Parelheiros e outro em Marsilac, e
de investimentos em metrô e
novos corredores de ônibus.
Em Cidade Tiradentes, região
pobre da zona leste, o discurso
é o de que Marta construiu parte do hospital inaugurado pelo
prefeito Gilberto Kassab
(DEM). Eles insistem que ela
foi a única a cuidar da periferia
e são orientados a lembrar que
a petista fez as licitações e as
desapropriações para a construção dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) inaugurados pelo prefeito-candidato.
Além de co-responsabilizarem FHC por eventuais problemas da gestão Marta, os cabos
eleitorais associam insistentemente a candidata ao presidente Lula, "pois podem viabilizar
mais projetos por serem do
mesmo partido".
Cada um dos 30 comitês eleitorais de Marta conta, em média, com uma equipe de 20 visitadores, dividida em duas peruas. Sempre sob a supervisão
de um coordenador, os visitadores recrutados pelos petistas
costumam atuar em dupla. Não
se exige filiação partidária.
A organização dos visitadores da campanha de Kassab à
reeleição segue modelo parecido. Em média, são duas peruas
para cada um dos seus 30 comitês. Os funcionários passam
por treinamento no comitê
central e participam de seminários regionais. Há materiais
específicos para cada região.
Os visitadores de Kassab
também têm seus antídotos. O
principal deles é tentar desvincular da ex-prefeita feitos que
os eleitores associam a ela.
Semana passada, a visitadora
Vânia Ribeiro, 44, abordou um
jovem que dizia que iria votar
em Marta porque "foi ela quem
colocou leite [em pó] na escola". A reposta estava na ponta
da língua. "Quem criou o Leve-Leite foi o Paulo Maluf e Marta
apenas deu seqüência. Mas
com o Kassab melhorou, porque agora é leite Ninho", disse
Vânia, em referência à nova
marca do alimento distribuído
na rede.
(CC e CS)
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