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NÃO-ME-TOQUE
Área para teste de soja transgênica foi invadida durante Fórum Social por integrantes do MST
Monsanto reduz atuação na região Sul
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A multinacional Monsanto,
que realiza testes com sementes transgênicas, diminuiu sua
presença no município gaúcho
de Não-Me-Toque (RS) depois
de invasão realizada pelo ativista francês José Bové no 1º
Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001.
O prefeito da cidade, Armando Roos (PPB), afirma que isso
se deve à perseguição da qual a
empresa teria se tornado alvo.
"Eles trabalham com transgênicos, e as invasões e ameaças
os intimidaram, levando-os a
desativar o setor de produção
de milho e soja", diz o prefeito.
Nota da Monsanto, em agosto, dizia que eram as pesquisas
que estavam sendo encerradas.
A empresa anunciava uma nova unidade de pesquisa genética em Sorriso (MT) e afirmava
que isso ocorria "paralelamente ao fechamento de unidades
similares de soja em Não-Me-Toque (RS) e Rolândia (PR)".
Diz a nota: "A meta da Monsanto, conforme assinalou seu
presidente, Rick Greubel, é fortalecer as atividades de pesquisa de sementes voltadas para as
necessidades agrícolas da região dos Cerrados, que serão
atendidas pelas unidades de
Morrinhos (GO) e Sorriso
(MT). O remanejamento da
produção implicará em dispensas e transferências de pessoal entre as unidades (...)."
O fato é que a Monsanto diminuiu sua presença no Rio
Grande do Sul. Sua assessoria
de imprensa diz que não há
mais pesquisas em Não-Me-Toque. O prefeito acredita que
não há apenas produção. Os dirigentes da empresa, agora, evitam falar.
"Até para mim é difícil saber
o que realmente ocorre lá dentro, eles mantêm uma atuação
discreta", afirma o prefeito.
"A economia do município
foi afetada. Somente de ICMS,
a unidade da Monsanto respondia por 19,29% do valor
agregado. Além de movimentar
a economia, a empresa contribuía para divulgar o nome de
Não-Me-Toque no mundo. Era
a principal unidade da Monsanto na América Latina. Em sete
anos, investiu US$ 50 milhões
em pesquisas em biotecnologia e
não teve retorno."
A Monsanto está há mais de 50
anos no Brasil, produzindo basicamente herbicidas (linha
Roundup) e sementes convencionais de soja, milho, sorgo e girassol, com um faturamento de
US$ 500 milhões em 2001.
A ação
No 1º Fórum Social Mundial,
líderes do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra) destruíam uma unidade de
testes de lavoura da empresa
diante de dezenas de jornalistas
brasileiros e estrangeiros.
A ação do MST atraiu para
Não-Me-Toque equipes de órgãos da imprensa mundial que
davam cobertura ao Fórum. A
invasão da área, com apoio do
MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), mereceu destaque até na primeira página do site da emissora de TV norte-americana CNN.
As atenções, na época, foram
desviadas do fórum, em Porto
Alegre, para Não-Me-Toque,
diante de um apelo irresistível: a
presença do agricultor José Bové, líder de manifestações antiglobalização na França.
Na ocasião, a Monsanto, em
nota, classificou a ação como
"vandalismo", que destruiu parcialmente seus laboratórios de
pesquisa e campos de testes.
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