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BRASIL PROFUNDO
Pedras financiam armas, jóias e camionetes
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ESPIGÃO D'OESTE (RO)
A lista é ampla: camionetes Toyotas Hilux ou Mitsubishi L 200,
jóias, armas de fogos como espingardas calibre 12, imóveis em Cacoal (480 km de Porto Velho) e
pá-carregadeiras.
Todos esses bens foram comprados pelos índios cintas-largas
com o dinheiro obtido pela venda
de diamantes a contrabandistas.
Mas não termina por aí: o líder
João Cinta Larga construiu uma
pequena hidrelétrica na reserva
com o lucro do garimpo e um depósito para óleo diesel.
Segundo ele, a usina gera energia para a aldeia.
Nas cidades vizinhas, os índios
estão entre os grandes consumidores. Costumam também freqüentar casas de prostituição, de
acordo com o relato de moradores e comerciantes.
Em entrevista à Agência Folha
em dezembro do ano passado, o
índio Pandere Cinta Larga, gerente do garimpo na terra Roosevelt,
disse que os índios resolveram assumir em agosto de 2003 o controle da exploração de diamante
devido à falta de recursos da Funai (Fundação Nacional do Índio)
para as aldeias.
Em 2002, a Funai apontou em
relatório a falta de verbas para
atender os índios.
Pandere afirmou na época que a
intenção da etnia é legalizar o garimpo. Eles querem vender as pedras para a Caixa Econômica Federal, mas isso depende de o governo aprovar legislação para regularizar a atividade de extração
em terra indígena.
Na versão de Pandere, a extração de diamantes beneficia todas
as aldeias dos cintas-largas. Como
a atividade não é legalizada, segundo a argumentação dos índios, eles não teriam tido outra alternativa e passaram a negociar
com os contrabandistas.
Uma parte dos recursos obtidos
com a venda das pedras -Pandere não revela quanto- vai para a
expansão da mineração.
Em dezembro, o gerente planejava construir um alojamento na
área do garimpo. Segundo a Polícia Federal, que sobrevoou a área
na semana passada, as casas já foram construídas.
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