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CAMPO MINADO
É a 10ª só no Estado
Sem-terra invadem outra fazenda na BA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Cerca de 130 famílias (aproximadamente 520 pessoas) de trabalhadores rurais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) concluíram na madrugada de ontem mais uma invasão na Bahia. Nos últimos 45
dias, foram invadidas no Estado
dez propriedades rurais.
Localizada em Casa Nova (584
km de Salvador), a fazenda São
José começou a ser invadida pelos
sem-terra no final da noite de anteontem. "Completamos a invasão durante a madrugada de hoje
[ontem]", disse Valmir Assunção, o principal líder do MST
baiano. Segundo os sem-terra,
não houve nenhuma resistência à
invasão. "As terras estavam abandonadas", disse Assunção.
No final do ano passado, o MST
encaminhou ao Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) um documento solicitando a realização de uma vistoria na propriedade rural.
Até ontem, a vistoria ainda não
havia sido realizada.
Segundo a delegacia de Casa
Nova, a fazenda estaria realmente
abandonada. O agente Carlos Cesar Domingues não soube informar o nome do proprietário.
"Abril vermelho"
Desde que o MST divulgou o calendário do chamado "abril vermelho", dez propriedades já foram invadidas na Bahia. Do total,
nove ainda continuam em poder
dos trabalhadores rurais.
Somente parte da empresa Veracel, uma das maiores multinacionais brasileiras, invadida pelo
MST, foi desocupada, após um
acordo realizado entre os sem-terra e o governo estadual.
No final da manhã de ontem,
Valmir Assunção disse que outras
três propriedades deverão ser invadidas até o final do mês.
De acordo com o governador
Paulo Souto (PFL), 60, o Estado
possui cerca de 156 mil hectares
que podem ser repassados para
os sem-terra. No entanto, ainda
segundo o governador, a burocracia do governo federal -responsável pelo pagamento das indenizações- tem atrasado o programa agrário na Bahia.
Há duas semanas, o Incra anunciou também que 22 fazendas foram desapropriadas na Bahia. Do
total, 21 vão abrigar trabalhadores
rurais ligados ao MST.
Apenas uma abrigará agricultores que pertencem ao MLT (Movimento de Luta pela Terra), entidade que nasceu de uma dissidência do MST.
Segundo o Incra, cerca de 1.300
famílias (5.200 pessoas) serão beneficiadas com as desapropriações de áreas rurais.
O MST alega que 35 mil famílias
(140 mil pessoas) estão à espera
de um lote na Bahia.
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